Com o ensino remoto, computadores e celulares tornaram-se, mais do que nunca, ferramentas de trabalho essenciais aos professores. No entanto, lidar com novas tecnologias não é tarefa fácil para todos.
Pensando nisso, Danielle Rodrigues, professora da E. M. Alfredo de Paula Freitas (5ª CRE), em Irajá, criou o Professores confusos com a tecnologia, grupo no Telegram e canal no YouTube.
A proposta da docente, que trabalha na Rede Pública Municipal de Ensino há 19 anos, é ajudar os colegas por meio de tutoriais e de sugestões de diferentes ferramentas on-line, programas e aplicativos, interessantes para o trabalho pedagógico.
“Sempre gostei de trabalhar com informática e tecnologia, mas nem todo mundo tem essa facilidade. Muitos professores têm resistência às novas tecnologias ou não sabem por onde começar. Mas se um colega pode ajudar, mostrar uma maneira de criar uma atividade atraente para os alunos, é muito bacana”, comenta Danielle, que atualmente atua em uma turma do 5 º ano.
A professora, que já chegou a dar aulas para crianças em um curso de informática, conta que costumava ajudar os colegas da escola a formatar e reduzir páginas, a configurar imagens no Power Point, a ajustar o projetor (data show), a resolver problemas com a impressora etc.
“Com a pandemia e o cenário de aulas on-line, uma das primeiras coisas em que pensei foi em como eu poderia continuar ajudando meus colegas, já que, nesse momento, a gente precisaria ainda mais da tecnologia”, recorda a docente.
Grupo no Telegram e canal no YouTube
Danielle optou por criar um grupo no Telegram porque o aplicativo não limita o tempo dos vídeos enviados, diferente do que acontece no WhatsApp.
Assim, sempre que um colega tinha alguma dúvida, ela gravava a tela do computador, com o auxílio de um celular e de um tripé pequeno, mostrando como solucionar a questão.
“Era dessa forma que eu gravava videoaulas para os meus alunos, quando não filmava apenas minha mão escrevendo e fazendo desenhos. Mas fui pesquisando e descobri como gravar a tela do computador de forma mais fácil e gratuita”, explica.
Com o conhecimento adquirido em cursos – como o de Tecnologias digitais, oferecido pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) –, a professora produz tutoriais e compartilha dicas com outros docentes.
“Busquei aplicativos para educação, para gamificar uma aula, criar jogos. Usava com meus alunos, via se funcionava, se era interessante e se eles gostavam e, a partir daí, produzia conteúdos para os meus colegas. Os temas que escolho para fazer os vídeos são as novidades que eu vou encontrando, além de dúvidas que os professores me trazem. Eu aproveito para transformar tudo isso em conteúdo para o canal”, conta.
No Telegram, Danielle tira dúvidas, orienta e troca ideias com professores não apenas do Rio de Janeiro, mas de outros estados, como São Paulo e Minas Gerais. “O grupo saiu do mundo da Paula Freitas e passou para uma rede de professores do Brasil”, orgulha-se a docente.
Incentivada por professores da Rede Pública Municipal de Ensino, Danielle acabou criando, também, um canal no YouTube.
Vídeos do canal Professores confusos com tecnologia
Confira os temas de alguns vídeos publicados no canal de Danielle Rodrigues:
- Como se cadastrar no Canva for Education
- Como usar o Google Drive
- Como criar caça-palavras
- Como fazer figurinhas personalizadas para WhatsApp
- Como fazer uma nuvem de palavras
Produção de conteúdo: desafios enfrentados
“Eu mesma que gravo, salvo no Google Drive, baixo no celular, edito no InShot e posto pelo celular no meu canal no YouTube. Só gravo de madrugada, porque é quando está mais silencioso. Durante o dia não dá, até porque tenho dois filhos, o cachorro late, o vizinho está em obras, passa o carro do ovo, o do ferro-velho”, relata, descontraída, a professora.
O maior desafio de Danielle nesse processo tem sido o equipamento: o notebook usado por ela só funciona ligado direto na fonte, tem apenas 1 gigabyte de memória e não possui uma boa placa de vídeo para fazer edições.
“Meu notebook é muito antigo, já não está mais dando conta. Ultimamente, não estou conseguindo produzir muitos vídeos para o canal porque o aparelho não está suportando a gravação, fica lento e picotado. Preciso, mas não tive condições de comprar um equipamento melhor”, lamenta a professora, que já investiu em um microfone de lapela, em tripés, em um suporte de celular em forma de mola e em um anel de luz (ring light).
Danielle Rodrigues ressalta que o retorno positivo dos professores é seu maior incentivo para seguir produzindo conteúdo.
“Enquanto houver professores precisando de ajuda, me pedindo vídeos, vou continuar fazendo. Tenho muita coisa para postar no YouTube sobre atividades e aplicativos que estou aprendendo a usar. O conhecimento saiu do meu mundinho de sala de aula, da minha escola, e está ganhando o Brasil, com vários professores vendo meus vídeos, me parabenizando, me perguntando, me mandando as atividades que fizeram. É muito gratificante”, conclui.
Três ferramentas on-line para professores
Danielle Rodrigues destacou três ferramentas que costumam fazer sucesso entre os professores. Segundo ela, elas podem ser usadas por docentes da Educação Infantil ao Ensino Superior, em diferentes disciplinas. Veja as sugestões:
- Canva
“É uma ferramenta muito completa, uma das que mais utilizo para montar artes, posts para o Instagram, flashcards, slides, cartazes e PDFs interativos, com links que levam para sites, vídeos, arquivos, textos na internet e sites de jogos. Também é possível fazer planner, jogo da velha e até tabuada para imprimir. Nem todos os professores sabem, mas existe um plano, o Canva for Education, oferecido gratuitamente para professores, e que dá acesso a todas as ferramentas pagas do programa.”
- Life work sheets
“É um site em inglês, no qual é possível transformar uma atividade em um PDF, de forma que o aluno faça pelo próprio celular. Ele responde por ali, não precisa copiar no caderno ou imprimir. Conforme o documento é aberto, há caixas de texto, o aluno ouve áudios e vê vídeos que a professora disponibilizou. E ainda consegue responder, falar – o que é muito legal em atividades de alfabetização. É possível colocar o desenho de uma figura e pedir para a criança falar o nome ou com que letra começa. Assim, a proposta se torna mais interessante, interativa e diferente.”
- Wordwall
“É um site muito bacana para a criação de atividades personalizadas, como jogos tipo Pac-man (come-come), cruzadinhas, jogos de ligar a coluna, da memória, de roleta, de tabuleiro. Utilizo muito para passar o conteúdo de forma dinâmica aos meus alunos, e também, para a fixação da matéria.”