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Guerra-Peixe: 100 anos de um gênio da música
25 Março 2014 | Por Luís Alberto Prado
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Guerra-Peixe Teatro Municipal do RioCompositor, arranjador e musicólogo, César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis, no dia 18 de março de 1914. Caçula de dez irmãos, aos 6 anos aprendeu, com o pai, noções de violão; aos 7, sozinho, já sabia tocar bandolim; aos 8, violino; e aos 9, piano. Nessa idade, começou os estudos formais de música. Em 1925, aos 11 anos, ingressou na Escola de Música Santa Cecília, em Petrópolis. Sua verdadeira vocação foi o violino, que estudou de 1925 a 1930. Neste mesmo ano, escreveu a primeira composição, o tango Otília, nome de sua primeira namorada.

Em 1941, a dupla Jararaca e Ratinho gravou duas composições de sua autoria: a marcha Levanta o Pé e o samba Me Leva, Baiana. Ainda naquele ano, Guerra-Peixe ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, sendo o primeiro brasileiro formado em fuga e contraponto nos moldes do Conservatório de Paris.

Pesquisa de campo

Uma das vertentes do artista era se aprofundar nas pesquisas de campo sobre música folclórica do interior do Brasil, sem abrir mão da diversidade da musicalidade popular urbana. Tudo isso está registrado em sua obra. No entanto, para sobreviver, teve que fazer arranjos e compor para rádio e cinema. De acordo com especialistas, sua orquestração propicia um efeito sonoro surpreendente e, ao mesmo tempo, não apresenta dificuldades técnicas para quem toca.

No início da década de 1960, vindo de São Paulo, instalou-se no Rio de Janeiro, passando a fazer parte da Orquestra Sinfônica da Rádio MEC como violonista. Nesse período, gravou o LP Sambas Clássicos, destacando-se Ai Que Saudades da Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Foi Ela, de Ary Barroso; Pelo Telefone, de Donga; e Até Amanhã, de Noel Rosa.

Em 1965, foi um dos maestros arranjadores do espetáculo Vinicius: Poesia e Canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo em homenagem ao Poetinha, e no qual fez a abertura. Três anos depois, a convite de Ricardo Cravo Albin, então diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), passou a coordenar a Escola Brasileira de Música Popular. Também no MIS, foi membro dos conselhos de Música Popular e de Música Erudita.

Mestre dos mestres

Guerra-Peixe Rádio Jornal do ComércioA partir de 1970, apresentou-se como violinista, regente e compositor em diversos concertos pelo país, com repertório dedicado a autores nacionais. Além disso, destacou-se como professor de diversos alunos famosos, como Paulo Moura, Capiba, Sivuca, Rildo Hora, Baden Powell e Roberto Menescal, entre muitos.

Entre os anos de 1972 e 1980, foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de São Paulo. Lecionou, também, na UFRJ, na Pró-Arte e na Escola Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Ao final da década de 1970, desenvolveu o projeto de arranjos sinfônicos para songbooks de grandes compositores populares, entre os quais se destacaram Luiz Gonzaga e Tom Jobim.

Em 1982, recebeu a Medalha do Mérito da Fundação Joaquim Nabuco e, dois anos depois, a Medalha Koeler da Câmara Municipal de Petrópolis. Em 1986, recebeu o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra. Ganhou também três vezes o Prêmio Golfinho de Ouro do MIS do Rio de Janeiro.

Em 1993, recebeu o título de Maior Compositor Brasileiro Vivo. Em 2010, sua obra passou por um processo de redescoberta, com o lançamento de três CDs dedicados às suas composições. Além disso, suas partituras manuscritas estão sendo editoradas, com patrocínio do Sesc.

Exímio instrumentista, Guerra-Peixe foi um dos líderes da música nacionalista de sua época. Compôs muitas músicas de câmara, canções, peças para piano solo e violão, recebendo, entre outras homenagens, o Prêmio Nacional da Música, da Funarte, pouco antes de falecer, aos 79 anos, em 1993. Compôs dezenas de obras clássicas gravadas por inúmeras orquestras no Brasil e no exterior, tendo sido membro atuante da Academia Brasileira de Música.

 
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