Na desaparecida Praia de Santa Luzia, ainda na década de 1910, já se realizava jogos de polo aquático. O local, que serviu de ponto de partida para o desenvolvimento de outros esportes olímpicos, como o remo e a natação, saiu do mapa da cidade devido aos aterros que deram origem à Esplanada do Castelo e ao Aeroporto Santos Dumont. Sua localização central, a ausência de poluição e, também, de piscinas – que só surgiriam na cidade a partir dos anos 1930 – fizeram com que, ali, em 1908, se realizasse a primeira partida de polo aquático de que se tem notícia no país, entre os times do Clube de Regatas do Flamengo e do Club de Natação e Regatas, hoje conhecido como Clube de Natação e Regatas Santa Luzia.
Em breve o novo esporte teria grande aceitação também no Botafogo e no Vasco da Gama. É atribuído a Flávio Vieira, que em 1913 organizou um campeonato nas águas da Baía de Guanabara, o crédito pela introdução do esporte no país. Seis anos mais tarde, em uma disputa internacional também realizada na Enseada de Botafogo, a seleção brasileira conseguiu sua primeira vitória sobre a Argentina. Na época, os times eram formados por 11 jogadores que vestiam uniformes, mas não usavam toucas que facilitassem a identificação.
Popularidade alta
O polo aquático teve a honra de ser o primeiro esporte coletivo a participar dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, já em sua segunda edição, realizada em Paris, em 1900. Muito popular na Europa, onde era chamado de rugby ou futebol aquático, surgiu na Inglaterra por volta de 1850. De início, era jogado no mar, em lagos ou em rios, e os competidores ficavam em cima de barris que boiavam, o que dava a falsa impressão de que estavam montados em cavalos submersos – daí o nome moderno, water polo, derivado do polo equestre, no qual se usa os animais de montaria.
Já a palavra polo se refere a uma bola de borracha vulcanizada que, na Índia, se chamava pulu, de onde os ingleses copiaram o costume. Foram os escoceses, no entanto, que introduziram o uso da baliza e estabeleceram regras copiadas por outros países europeus, o que, em parte, explica a supremacia contemporânea do Reino Unido, da Hungria e da Itália na modalidade.
Urca virou lugar de referência
Graças à Exposição Nacional Comemorativa do Primeiro Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, que se realizou no bairro da Urca, então recém-urbanizado para essa solenidade, o polo aquático ganhou um endereço na cidade do Rio de Janeiro. As partidas aconteciam na Praia Vermelha, na Praia da Saudade (onde hoje existe o Iate Clube do Rio de Janeiro) e, também, no Quadrado da Urca, especialmente construído para servir de piscina nas competições dos Jogos Desportivos do Centenário, ou Jogos Olympicos do Rio de Janeiro – integrantes dos festejos do Jubileu da Independência, assim como a Exposição Internacional de 1922.
Dois anos antes, o Brasil tinha estreado com uma equipe de esporte coletivo, justamente de polo aquático, nos Jogos Olímpicos da Antuérpia, em 1920, chegando às quartas de final e ficando em 6º lugar ao fim do torneio. Diversos atletas do polo brasileiro competiam, também, em outros esportes: Adhemar Ferreira Serpa e Angelo Gammaro (natação), João Jório e Orlando Amendola (natação e remo), fora o surpreendente Abrahão Saliture, que, aos 37 anos, participou das provas de polo e de natação. Outro jogador ilustre foi o ex-presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), João Havelange, que integrou a equipe brasileira nos Jogos de Helsinque, em 1952.
Piscinas estimularam prática
O Clube de Regatas Guanabara inaugurou a primeira piscina olímpica do Brasil, em 1935, instalada na Enseada de Botafogo, dentro da Baía de Guanabara. Preenchida com água salgada, que facilitava a flutuação, a piscina fez grande sucesso até a década de 1950, quando o pólo aquático já havia se disseminado por diversas piscinas de clubes. Por esta fase, a vinda do técnico italiano Paolo Costolli, contratado pelo Fluminense, e do jogador húngaro Aladar Szabo, que reforçou a seleção brasileira nos Jogos de Roma, em 1960, colaborou para modernizar o estilo de jogo brasileiro.
Fontes:
Site Rio, Cidade Sportiva; Site do Clube de Regatas Guanabara; Site Mundo Estranho Abril.
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