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Palácio Guanabara de Portas Abertas. Visite!
14 Setembro 2015 | Por Sandra Machado
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gb4Desde janeiro de 2015, a sede do governo do estado, em Laranjeiras, oferece visitas guiadas ao público. O pedido para a criação de um programa destinado a aproximar quem vive ou está em visita ao Rio a um dos mais importantes endereços da história do Brasil partiu do próprio governador, Luiz Fernando Pezão. Os tours, guiados por estudantes do curso de Turismo e Hospitalidade do Senac RJ, acontecem aos sábados, em três turnos (às 9h, 10h e 11h), e precisam ser agendados no site. Basta informar nome completo, número de um documento de identidade com foto e telefone para contato.

“Realizamos pesquisas com os grupos logo após as visitas, e a média da nota atribuída é de 9,4”, informa Ivone Malta, do Núcleo de Imprensa do governo do Estado. “Já está sendo feita a ampliação do número de vagas e de datas. Também há um estudo para se incluir mais instalações do Palácio na visita. Atendemos solicitação de escolas, desde que haja disponibilidade.”

gb2A fim de que todos os alunos do Senac participem do programa Palácio Guanabara de Portas Abertas, os ambientes são apresentados, pelos guias, em forma de rodízio. Na visita do dia 22 de agosto, o local por onde se inicia o percurso ficou a cargo da estudante Julliana Andrade, de 18 anos. Ornamentado no estilo Luís XV, o Salão Nobre foi palco de reuniões entre chefes de Estado e, também, de decisões importantes para a vida política nacional. Desde abril atuando no programa, Julliana elogia a oportunidade de vivenciar o que aprende em sala de aula, e já aponta nuances que diferenciam o público visitante. “Crianças se encantam com o jardim, enquanto os mais velhos apreciam aspectos da arte e da História”, comenta.

Beleza ainda tem lugar no mundo

gb9Na sequência, o grupo das 10h, com quase 50 pessoas, segue para a sala na qual foi descoberto um trecho com calçamento “pé de moleque”, graças às obras de restauração realizadas entre 2008 e 2011. É a vez da guia Renata Ribeiro, que fala com a desenvoltura de uma legítima anfitriã. O tipo de pavimentação, trazido pelos portugueses para o Rio de Janeiro a partir do século XVII, era usado tanto nas áreas de circulação de animais e de pedestres como naquelas destinadas aos escravos, durante o período colonial.

“Estamos na segunda recepção da casa, onde se espera antes de seguir para o gabinete do governador”, explica, completando: “Muito bom poder aguardar aqui”. É a pura verdade. Como o piso de pedras foi recoberto por placas de vidro, e ainda recebeu iluminação especial para ficar aparente, caminhar sobre ele cria, primeiro, uma sensação de insegurança, que logo dá lugar à admiração, não apenas do pavimento, mas também da coleção itinerante de telas expostas nas paredes. Todas são de artistas plásticos brasileiros, e substituídas a cada mês.

gb3Sem afirmar categoricamente quem teria copiado o nome de quem – se a técnica de calçamento ou o doce –, Renata faz referência a uma das versões históricas do assunto. “A sobra do melaço, nas usinas de cana-de-açúcar, começou a ser misturada ao amendoim como uma fonte energética para alimentação dos escravos. No entanto, logo se percebeu que o subproduto poderia ser vendido pelas escravas ganhadeiras, que viviam dando bronca nas crianças, se por acaso arriscassem surrupiar um docinho: ‘pede, moleque!’”.

A caminho da terceira estação da visita, que é o jardim, o trajeto inclui uma passagem pelo jardim de inverno, revestido por ladrilhos hidráulicos turcos e adornado por uma fonte em que aparecem dois botos cinza. Presentes, também, no brasão da cidade, os animais são considerados mensageiros do Novo Mundo. Diante de portas duplas, Renata anuncia uma surpresa, e recomenda que seja guardada como uma lembrança especial da visitação ao Palácio Guanabara.

gb8As portas se abrem e quem recebe o grupo é a orquestra infantojuvenil da Ação Social pela Música do Brasil (ASMB) – Núcleo Complexo do Alemão. O projeto, que tem patrocínio do Instituto Embratel Claro, atualmente beneficia cerca de 900 crianças em 19 comunidades pacificadas. Sob a batuta da maestrina Vilane Trindade, a orquestra de cordas executa três peças: Suíte no. 1, Opus 46, de Peer Gynt, composta por Edvard Grieg; 1º movimento, no. 3, de Quatro Momentos, composto por Ernani Aguiar; e Por Una Cabeza, tango de 1935, com melodia de Carlos Gardel e letra de Alfredo Le Pera.

Chama atenção na área livre o Chafariz de Netuno, obra de autoria de Gabriel Dubray e fabricada na mais importante fundição do século XIX, a francesa Val d’Osne. Uma fileira dupla de palmeiras imperiais divide o espaço com árvores frutíferas exóticas, como o caqui preto, o pêssego-da-índia e o olho-de-dragão. Assim como acontece em cada uma das paradas, os visitantes dispõem de tempo para observar, novamente, mais de perto, tudo o que interessar.

A visita só termina na Capela de Santa Terezinha, caso não esteja sendo oficiada nenhuma cerimônia. Em estilo neocolonial, foi construída em 1946 pelos arquitetos Alcides Cotia e B.M. Tinoco, para atender uma devoção pessoal da primeira-dama Carmela Dutra, esposa do então presidente marechal Eurico Gaspar Dutra, último a morar no palácio, e que financiou a construção com a sobra das verbas de sua campanha eleitoral. Inaugurada em 30 de setembro daquele mesmo ano, a capela é utilizada para a realização de missas comunitárias, casamentos e batizados.

logoPortasAbertasA jornalista Fernanda Salgado, que se casou na capela em abril de 2012, se emocionou com a visita. “É um passeio único, não só porque a gente volta no tempo, diante da riqueza histórica dos detalhes, mas também por causa da orquestra. O projeto é uma segunda opção para essas crianças, um contraste social muito grande com a vida que elas conhecem, e a gente vê com que delicadeza se realiza este trabalho”.

Importância para o Estado do Rio e para o Brasil

gb10A edificação do Palácio Guanabara remonta ao ano de 1853, quando o português José Machado Coelho deu início à construção do que viria a ser uma residência particular. Em 1864, a propriedade foi vendida à família imperial. Após uma reforma, se tornou a residência da princesa Isabel e de seu esposo, o conde d’Eu, quando passou a ser conhecido como o Palácio Isabel. A Rua da Princesa, atual Paissandu, foi aberta para permitir o acesso de Isabel até a Praia do Flamengo, e nela foi plantada uma fileira dupla das mesmas palmeiras imperiais que se encontram no jardim do palácio.

Com o fim da monarquia, o Palácio Guanabara foi confiscado pelo governo militar republicano e transferido ao patrimônio da União. Virou, então, residência oficial de presidentes, como o marechal Hermes da Fonseca e, também, de Getúlio Vargas, que morou no local entre 1937 e 1945. Terminado o Estado Novo, o prédio se tornou sede da Prefeitura do Distrito Federal, até a criação do estado da Guanabara, em 1960. Doado pelo presidente Ernesto Geisel nos anos 1970, de lá para cá tem sido a sede do governo do estado, por onde passaram os governadores Floriano Peixoto Faria Lima, Antônio de Pádua Chagas Freitas, Leonel Brizola e Marcello Alencar, entre outros. O prédio anexo, com seis pavimentos, no qual funcionam o gabinete do vice-governador, as subsecretarias da Casa Civil e de Governo, só foi inaugurado em 1968.

 
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