No dia 6 de setembro, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou, em Brasília, o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016 (Relatório GEM), ao mesmo tempo em que ações semelhantes ocorriam em mais de 50 países do globo. O documento, que inaugura a segunda série de 15 anos de pesquisas, formaliza o que pode ser feito, por meio da educação, para impulsionar os avanços rumo aos objetivos delineados na Agenda de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas até 2030. Mais importante: aponta que a desigualdade na educação, somada a uma gama de disparidades decorrentes, aumenta o risco de violência e de conflitos.
O Relatório GEM recomenda que a educação continue além dos muros da escola, na comunidade e no ambiente de trabalho, ao longo de toda a vida, e também que seja considerada como política social isolada, mas integrada a outras políticas públicas, a fim de transformar a realidade atual. De acordo com a pesquisa realizada, até 2020 haverá no mundo um déficit de 40 milhões de trabalhadores com educação superior. Em toda parte, a escola necessita de atenção urgente. A continuar o ritmo atual, a universalidade da educação na América Latina e Caribe contará com um atraso de 65 anos em relação ao prazo estipulado pela ODS 2030.
Educação como insumo mais importante para o desenvolvimento global sustentável
No prefácio da publicação, a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, afirma: “Agora, mais do que nunca, a educação tem a responsabilidade de fomentar os tipos certos de valores e habilidades que nos levarão ao crescimento sustentável e inclusivo e à convivência pacífica”. E completa: “Este novo relatório oferece evidências relevantes para enriquecer essas discussões e desenvolver as políticas necessárias para que isso se transforme em realidade para todos”.
Já existem planos para a criação de um Fundo Global para a Educação, mas, enquanto isso não acontece, outras medidas precisam ser adotadas, como o combate à sonegação fiscal, por exemplo. Países de renda baixa perdem cerca de 100 bilhões de dólares por ano devido à sonegação de imposto por parte das multinacionais. Além disso, países ricos contribuem com 5 bilhões de dólares por ano para melhorar a Educação Básica nos países pobres, o que é considerado pouco – cinco dólares por ano por pessoa. Antecipadamente, o Marco de Ação da Educação 2030 propõe dois parâmetros de investimentos na educação: de 4 a 6% do PIB ou de 15 a 20% do gasto público, nem sempre seguido pela maioria dos países.
Outros dados surpreendentes
- 40% dos estudantes do planeta têm aulas na língua oficial do país, que é diferente de sua língua materna.
- Atualmente existem 3,6 milhões de crianças refugiadas.
- Em 2013, nos países menos desenvolvidos, apenas 52% das escolas primárias tinham fornecimento de água apropriado.
- Dos 37 acordos de paz assinados entre 1989 e 2005, 11 sequer mencionam a educação.
- Mais de um terço de moradores urbanos em países de baixa renda vive em favelas no centro da cidade ou na periferia.
- A educação primária e secundária universal é primordial para a promoção da autonomia das mulheres.
- No período entre 2005 e 2014, 15% dos adultos do mundo – cerca de 758 milhões de pessoas – não possuíam habilidades funcionais de alfabetização.
Fontes:
Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016
Site da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime)