É tempo de consumir menos e cuidar mais dos recursos naturais. O conceito de economia colaborativa espalha-se por diversos países e dissemina ideias como a que dá acesso a bens e serviços sem que as pessoas tenham que gastar dinheiro. A iniciativa foi chamada Banco do Tempo e possui agências na Itália, Espanha e Portugal, viabilizando dar e receber treinamento sem que haja troca monetária envolvida.
Quem participa do Banco do Tempo pode, por exemplo, ensinar um idioma estrangeiro ou programação de software, acumular horas e, depois, usá-las como crédito para fazer um curso sobre qualquer tema de seu interesse disponível. Esse tipo de organização pode ser gerido tanto por uma prefeitura como por uma organização não governamental – ONG.
No Brasil, o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES – trabalha para incentivar e dar visibilidade a práticas como essa. Nesse sentido, lançou em 2015 a primeira edição do Prêmio Economia Solidária, que pode dar até R$ 2,3 milhões a 96 iniciativas em todos os estados brasileiros, sendo R$ 20 mil para cada empreendimento de economia solidária e R$ 50 mil para iniciativas que criem redes nessa área.
Essa primeira edição do prêmio teve 142 inscritos de todo o Brasil. Foram escolhidos 48 deles, sendo dois do estado do Rio de Janeiro: o Banco Comunitário do Preventório e a Associação de Artesãos de São João da Barra.
Niterói e São João da Barra
O Banco Comunitário do Preventório atende os moradores do morro de mesmo nome, em Charitas, Niterói, com empréstimos e com a moeda social Prevê, que tem descontos em alguns estabelecimentos. Antes dessa iniciativa, não havia serviço bancário nas redondezas. A partir dela, tornou-se mais fácil fazer pagamentos, depósitos, abrir conta e receber o Bolsa Família.
Ariana Alves, chefe do Departamento de Economia Solidária do BNDES, explica que “os Bancos Comunitários promovem o acesso a crédito em comunidades carentes, normalmente excluídas do sistema financeiro tradicional, gerando trabalho e renda ao permitir o desenvolvimento dessas comunidades”.
Outra organização fluminense que está gerando trabalho e renda, segundo o BNDES, é a Associação dos Artesãos de São João da Barra – Alcimar Simões Bomgosto, que reúne 33 artesãos do município, no norte do estado, e promove a capacitação de seus membros em diversas técnicas artesanais, com venda dos produtos em feiras e quiosques da cidade.
Colaboração em rede
O tempo mínimo de existência de quem quer se candidatar ao Prêmio BNDES de Economia Solidária deve ser de dois anos. Por isso, o Tem Açúcar? não poderia participar ainda, mas é um bom exemplo de rede com o perfil do concurso: trata-se de uma rede de empréstimos e doações on-line de objetos, entre vizinhos, em bairros cariocas. Criada em 2014 por Camila Carvalho Vilela de Moraes, 24 anos, funciona assim: o interessado se cadastra, diz o raio de distância em que quer interagir, lista itens que gostaria de emprestar ou doar e, sempre que alguém daquela rede de vizinhança fizer uma busca sobre um produto que esse usuário tenha, ele será acionado.
A ideia geral do conceito de economia colaborativa é uma mudança de paradigma: exercitar mais os verbos compartilhar e reutilizar; e menos, comprar e vender.