O Rio vive desafios que, com o passar do tempo, se multiplicam, ganhando outros contornos de conteúdos múltiplos.
O presente é o futuro que se tornou realidade. Debruçar sobre esse pensamento, contando a trajetória de uma cidade como a de São Sebastião do Rio de Janeiro, é mergulhar em suas incontáveis memórias. Ensina o escritor Eric Hobsbawm que o historiador, ao fazer suas escolhas, terá como “ofício lembrar o que os outros esquecem”.
Assim, trazer para a cena principal o “Rio que mora no mar”, segundo versos da canção Rio, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, é relembrar que a cidade é mais do que “sol, sal, sul”. É um espaço urbano singular que, além da natureza reconhecidamente bela, também é tecnologia, virtualidade, cinema, moda, gastronomia e, principalmente, cidadania. Desde o dia 1º de março de 1565, quando Estácio de Sá fundou uma povoação no entorno da Baía de Guanabara, em tempos de pleno confronto com estrangeiros para desarticular a chamada França Antártica, o Rio vive desafios que, com o passar do tempo, se multiplicam, ganhando outros contornos de conteúdos múltiplos. No seu chão, ilustres ou os anônimos, ao longo do tempo, viveram e vivem suas histórias cariocas. Entre projetos e ações sob várias designações, o Rio conta o “seu destino histórico de cidade-capital de um Império, de uma República e de dois estados da federação brasileira”, segundo palavras da historiadora Marly Motta.
Atualmente, questões que envolvem o desenvolvimento sustentável, a inclusão social e digital (como direito de todos) e a ação participativa fazem parte do dia a dia daqueles que são cariocas de nascimento ou de coração. Pontos de uma ação transformadora do presente, que garantam um porvir mais justo para todos os seus habitantes. Nesse contexto, as questões ambientais, por exemplo, possuem um importante papel na cidade que sediou a Eco-92, a Rio+20 e que viu nascer a Agenda 21. “Os princípios sobre os quais se erguerão as nossas futuras instituições sociais terão de ser coerentes com os princípios de organização que a natureza fez evoluir para sustentar a teia da vida”, segundo palavras do físico Fritjof Capra.
A cidade chega ao século XXI, tempo em que as novas tecnologias permitem o acesso instantâneo às informações e em meio ao chamado encolhimento do mundo. Nesse sentido, e em tantos outros, a hora é essa, para todos os cantos do planeta como para o Rio de Janeiro. Hora do girar sincopado das engrenagens dos relógios. Hora das letras, hora do agora, zero hora. Hora presente na fotografia moderna, o selfie no qual “por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, por trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar” (Marc Bloch).