O tempo passado e presente deslizam, desde o século XV, pelas águas dessa Baía de Guanabara.

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Mapa francês da Baía de Guanabara, século XVI (Crédito: André Thevet / Biblioteca Nacional da França)

Era uma vez, há muito tempo, uma baía chamada de rio. Esta poderia ser a forma de iniciar a história da região da Baía de Guanabara, percebida em 1502 como um rio. Viajando pelo espaço e pelo tempo, relatos importantes descrevem o local. O nauta Pero Lopes de Sousa (1497-1539), em 1531, registrou em seu Diário de Navegação que “toda a terra deste rio é de montanhas e serras altas. As melhores águas há neste rio que podem ser”. Em 1555, o religioso André Thevet (1502-1590) observou: “Nas terras circunvizinhas ao Rio Guanabara existem árvores e arbustos inteiramente cobertos de ostras. Quando sobe a maré, a água avança de terra adentro, (...) as ostras prendem-se-lhes em quantidade incrível entre os ramos”.

O tempo passado e presente deslizam, desde o século XV, pelas águas dessa Baía de Guanabara (baía semelhante ao mar). Situada entre as montanhas e o mar, contornada por vegetação tropical, em suas margens – ao longo delas e na direção do interior – ergue-se a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Em pleno século XXI, essa baía, berço da cidade, testemunha e protagonista dos mais importantes acontecimentos relacionados ao Rio e ao país, palco de incontáveis aventuras, entre o verso e a denúncia, prossegue existindo em meio aos encantos e sobrevivendo aos desencantos. E não conseguiria (sobre)viver, impunemente, todo esse tempo, com tantas transformações, sem marcas e sem cicatrizes frente aos desafios do cotidiano. Trajetória nada fácil: caminhos complexos pontuados por histórias dela mesma e do seu entorno.