A sociedade mineradora não era constituída apenas por senhores e escravos. O grande fluxo de pessoas na direção do Eldorado produzia um variado mosaico social, formado também por padres, advogados, artesãos, burocratas e militares.
Essa diversificação de atividades produzia uma impressão de que, na sociedade mineradora, as riquezas e as oportunidades eram acessíveis a todos. A vida dessa região gerava o comércio com outras partes da colônia, desenvolvia núcleos urbanos, estabelecia o aparelho burocrático e militar, embelezava os altares das igrejas, sustentava as despesas do Reino português.
O metal precioso, contudo, não enriquecia as Minas do século XVIII, que foi uma região pobre. A maior parte ia para a metrópole sob a forma de tributos ou permanecia entesourada em forma de obras de arte. Por outro lado, gastava-se muito importando gêneros, adquirindo mão de obra escrava para o trabalho em lavras nem sempre de teor aurífero significativo.
O número crescente de alforrias na região mineradora resultava mais das dificuldades enfrentadas pelos senhores do que do desejo da formação de uma sociedade igualitária. A riqueza estava nas mãos de um número limitado de pessoas naquela sociedade aparentemente próspera.
Vila Rica, por exemplo, uma das primeiras vilas da região, fundada em 1711, havia crescido na metade do século XVIII. Sua população alcançava cerca de 20 mil pessoas, quantidade considerada grande naquela época. Entretanto, a maioria era de negros e mulatos pobres, vivendo em uma estrutura social em que riqueza e opulência eram apenas aparência...
O historiador Eduardo Frieiro referiu-se a Vila Rica como "Vila Pobre". Entendia nunca ter havido tal opulência "a não ser na fantasia, amplificadora de escritores inclinados às hipérboles românticas (...) A realidade foi bem diversa".