O Rio de Janeiro é o município com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo os cálculos do IBGE de 2016. O índice adotado mundialmente a partir da década de 1940 indica o montante de riqueza da cidade, mediante a soma de todos os bens e serviços produzidos em um determinado período. Mas será que o Rio, por ser o segundo município mais rico do país, é menos desigual e oferece melhor qualidade de vida à sua população do que os outros 5.568 que estão atrás?
A pergunta será respondida adiante. Antes, no entanto, é preciso desvendar um pouco mais o conceito de PIB, um dos principais índices utilizados pelas instituições públicas de planejamento e economia dos municípios, dos estados e da federação. E não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, de forma geral. Serve, por exemplo, para fazer estimativas sobre quanto o governo vai arrecadar em impostos e quanto poderá gastar em serviços à população.
O PIB, contudo, tem sido criticado por um número cada vez maior de economistas, que alegam que ele só serve para mensurar as rotações do motor do barco da economia, sem indicar para qual direção a embarcação navega. Os desastres ambientais, por exemplo, podem aquecer o índice por movimentar grandes recursos para a minimização de estragos. Mas os prejuízos causados ao meio ambiente e à população não são levados em conta.
Ladislau Dowbor, professor titular de Economia da USP e consultor de diversas agências das Nações Unidas, diz que até a criminalidade aumenta o PIB. Segundo escreveu em seu blog, a Grã-Bretanha e outros países incluíram, em 2013, a prostituição e o tráfico de drogas nos cálculos do índice, a fim de inflá-lo. O PIB, enfim, não faz distinção entre atividade econômica predatória ou construtiva, benéfica ou não à maioria da população e ao planeta.
PIB x IDH
Diante da degradação ambiental e da ampliação da concentração de renda no planeta, a ONU deu início, na década de 1990, a uma série de esforços para os países começarem a caminhar em direção a um modelo social, econômico e produtivo mais sustentável. Isso inclui a tentativa de quebra de monopólio do PIB, com a criação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que, além da renda, busca medir a expectativa de vida e os níveis de acesso da população à saúde e à educação.
No caso do Rio de Janeiro, a comparação do Produto Interno Bruto de 2016 com o Índice de Desenvolvimento Humano daquele mesmo ano revela números e considerações bem distintas. Enquanto a cidade brilha em segundo lugar no ranking do PIB dos municípios do Brasil, figura na 45ª colocação no IDH. A disparidade indica que o desenvolvimento econômico, embora necessário, não é suficiente para haver progresso social, até porque a distribuição das riquezas pode ocorrer de forma a ampliar as desigualdades.
IPS-Rio
A realidade exposta pelo IDH tem levado várias administrações municipais e estaduais a buscar novas estatísticas que lhes permitam planejar com os olhos voltados a um desenvolvimento mais sustentável. O Rio de Janeiro optou pelo Índice de Progresso Social (IPS), criado por acadêmicos da Universidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT). O Instituto Pereira Passos é o órgão responsável pela elaboração do índice na cidade.
O IPS-Rio avalia o desempenho de cada uma das 32 Regiões Administrativas do município em três dimensões do progresso social: Necessidades Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades. Cada dimensão é subdividida em quatro componentes, alimentados por diversos indicadores, que ajudam a traçar uma radiografia mais detalhada da cidade.
Numa escala de zero a 100, o IPS do Rio de Janeiro é 60,7. Um desempenho mediano que, quando dissecado, expõe as grandes desigualdades da cidade. A Região Administrativa (RA) de Botafogo, que inclui os bairros de Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Humaitá, Laranjeiras e Urca, é a primeira do ranking de progresso social, com um índice de 86,90, mais que o dobro da RA da Pavuna (Acari, Barros Filho, Coelho Neto, Costa Barros, Parque Colúmbia), cujo desempenho foi o pior do município: 41,32.
Aliás, entre as 32 RAs da cidade, apenas 12 estão acima do IPS médio, compreendendo cerca de 38% da população. Só seis, contudo, alcançam um índice acima de 70: Lagoa (85,18), Copacabana (82,49), Tijuca (77,63), Vila Isabel (74,36) e Barra da Tijuca (70,83), além de Botafogo. Já na casa do IPS 40 encontram-se oito RAs: Complexo do Alemão (43,34), Jacarezinho (43,53), Rocinha (44,6), Guaratiba (45,18), Zona Portuária (45,25), Santa Cruz (47,94) e Cidade de Deus (48,31), além da Pavuna.
Além dos dois conjuntos de Regiões Administrativas acima citados, com os melhores e piores índices da cidade, o Instituto Pereira Passos dividiu os resultados em mais outros dois grupos intermediários: o composto pelas oito RAs com IPS entre 60 e 69: Méier (66,37), Centro (65,05), Ilha do Governador (64,70), Penha (61,76), Irajá (61,76), Inhaúma (60,9), Santa Teresa (60,7) e Jacarepaguá (60,09); e o com IPS entre 50 e 59: Ramos (57,75), Campo Grande (57,18), Anchieta (56,95), Bangu (54,73), Realengo (54,32), Madureira (53,85), Rio Comprido (53,52), Vigário Geral (53,03), Maré (52,34) e São Cristóvão (52,09).
Entre as três dimensões de progresso social avaliadas, a cidade obteve melhor desempenho em Necessidades Básicas (75,09), que reúne os componentes relacionados à nutrição, ao acesso à água potável, ao saneamento, à moradia e à segurança pessoal.
As outras duas dimensões são as que reúnem os três piores resultados. Em Oportunidades (média de 53,61), o componente relativo ao acesso à Educação Superior foi o que amargou o mais baixo desempenho de todos: 32,36. Em Fundamentos do Bem-Estar (média de 53,39), estão os dois outros: o acesso ao conhecimento básico (49,96) e a sustentabilidade dos ecossistemas (50,26). Tais números não deixam dúvidas de que, para alcançar maiores níveis de progresso social, a cidade depende de políticas públicas mais contundentes nas áreas com pior desempenho.
Confira, abaixo, o mapa do IPS-Rio por Região Administrativa. Para mais informações, clique aqui.
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