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Mudanças climáticas no Rio e no mundo: a urgência de novos padrões
SÉRIE
10 Maio 2019 | Por Márcia Pimentel
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MCli Artico Nasa
O Ártico em setembro de 1984 e em setembro de 2016: degelo acelerado. Divulgação, Nasa

O Rio de Janeiro vive dias cada vez mais quentes e assiste a tempestades cada vez mais intensas e frequentes, com ventanias que têm chegado perto da escala de furacão. Nos municípios litorâneos próximos, que compartilham do mesmo clima, a situação não é muito diferente. As cidades menos populosas, distantes da região metropolitana, também vivem os efeitos do aquecimento global, com eventos climáticos cada vez mais extremos, embora possam não ter se transformado em ilhas de calor – locais cuja temperatura sofre elevação anômala em função da grande concentração de asfalto e concreto e dos elevados índices de poluição atmosférica e desmatamento.

Na região Sudeste do Brasil, vários fatores relacionados às mudanças climáticas têm contribuído para o aumento das atividades ciclônicas (relativas ao encontro entre as massas de ar quente e fria) e das chuvas. Em Ilha Bela, no litoral norte de São Paulo, onde, recentemente, uma tormenta lançou ao mar várias pessoas que passeavam de barco, o pescador Matias Gomes contou à imprensa que, em quase 30 anos de experiência, nunca havia visto um vento sudoeste com tamanha força no mar.

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Inundações em Moçambique provocadas pelo Ciclone Idai, em março de 2019. Só no país morreram mais de 600 pessoas. Foto Juskauskas, Unicef, creative commons

Apesar do aumento da intensidade e da frequência dos eventos climáticos extremos, o Brasil voltou a aumentar sua emissão de gases de efeito estufa, graças, principalmente, ao contínuo crescimento das cidades em padrões não sustentáveis e à ampliação do desmatamento da Floresta Amazônica, que remove dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera em altas taxas, por meio da fotossíntese.

Satélites internacionais de monitoramento da Amazônia registraram, no fim de 2018, um aumento de quase 14% do desmatamento da floresta em relação ao ano anterior. Alegando preocupação com esse quadro, mais de 600 cientistas europeus assinaram um manifesto, publicado na revista Science de abril, pedindo para que a União Europeia condicione a compra de insumos brasileiros ao cumprimento de compromissos ambientais.

No caminho oposto do Brasil, que tem aumentado sua emissão de gases de efeito estufa, o Parlamento Britânico declarou estado de emergência climática, com vistas a zerar a emissão de carbono, na Grã-Bretanha, até 2050. Segundo estimativas do Comitê de Mudanças Climáticas do país, o custo para atingir as metas é de 1% a 2% do PIB ao ano. Consideram, contudo, que, se nada fizerem, o preço será muito maior.

Antropoceno

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Em 2016, a girafa entrou na lista dos animais ameaçados de extinção da União Internacional para Conservação da Natureza. Foto Miroslav Duchacek, Wikimedia commons

Há quem defenda que as mudanças climáticas são naturais e decorrentes apenas do período interglacial, chamado de holoceno, pelo qual a Terra passa. Mas Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) e gerente do Escritório de Projetos do Fundo Verde, afirma que há um consenso da comunidade científica mundial de que as transformações estão sendo aceleradas e aprofundadas pela ação humana.

Várias pesquisas indicam que os atuais padrões produtivos e de consumo da humanidade têm gerado efeitos geológicos na Terra, a começar pela imensa descarga de CO₂ na atmosfera. Hoje, a emissão de gases de efeito estufa é 400 vezes maior que no início da Revolução Industrial (século XVIII) e, pelo menos, dez vezes superior ao pico natural de aquecimento global do planeta ocorrido há 56 milhões de anos e que fez as temperaturas médias subirem 5º C no mundo todo.

A rede World Wildlife Fund (WWF) anunciou, recentemente, que a população de mamíferos, aves, peixes, anfíbios e répteis do planeta diminuiu 60% nos últimos 50 anos. As mudanças climáticas, associadas à dizimação pela humanidade de inúmeras espécies da flora e da fauna levaram o cientista holandês Paul Crutzen, Nobel de Química de 1995, a propor um novo nome para o atual período geológico: antropoceno. A proposta de nova nomenclatura é acompanhada do conceito de modificação profunda da Terra pela ação humana, que teria substituído a natureza como força ambiental dominante.

SOS oceanos

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O Glaciar Thwaites se desprende da Antártida, desde 1992, e tem gelo suficiente para elevar o oceano em cerca de 65 cm. Divulgação, Nasa

Um dos impactos da grande emissão de gases de efeito estufa, nos tempos atuais, é o aquecimento e a acidificação dos oceanos, que sempre desempenharam papel fundamental na absorção de CO₂, juntamente com as florestas. “Só que, hoje, é tanto, mas tanto carbono lançado na atmosfera, que os mares estão saturando, chegando ao seu limite de depuração do ar”, diz Andrea Santos.

A biodiversidade marinha também tem sido afetada por causa do aumento da acidez das águas oceânicas. E, conforme a secretária do PBMC, há outros problemas associados, gravíssimos. Um deles é que nano partículas de plástico já entraram na cadeia alimentar marinha (e terrestre), podendo ocasionar problemas graves à saúde dos animais e dos humanos que os ingerirem. “O problema virou tão sério que a ONU já pensa em articular uma conferência mundial com o objetivo de reduzir a produção de matéria plástica no mundo”, informa.

Desafios das cidades e dos cidadãos

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Voluntários retiram plástico de santuário de pássaros, nas Filipinas. ShareAmerica, creative commons

Atualmente, segundo a ONU, 54% da população mundial vivem em áreas urbanas. Os cientistas se esforçam para que esse enorme contingente entenda a urgência na mudança de hábitos. Um relatório especial do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, de 2017, indica que o maior potencial para a redução das emissões de carbono nas cidades brasileiras reside nos setores de energia, transporte e gestão de resíduos. O uso de tecnologias energéticas mais limpas e eficientes, como a lâmpada LED, inclusive nas áreas de iluminação pública; a adoção de um sistema de transporte mais sustentável; e o aumento da coleta e da reciclagem de lixo estão entre as possibilidades de mitigação da redução da emissão de carbono.

“O Brasil vive um grave problema de desemprego e temos a oportunidade de gerar renda e criar novos postos de trabalho, estimulando os catadores de lixo, a reciclagem, o desenvolvimento de tecnologias limpas e novos materiais. Precisamos mudar nossas embalagens, nossos padrões de consumo, nosso modelo de desenvolvimento”, defende a secretária executiva do PBMC. Afinal, como ela alerta, se isso não ocorrer, o planeta continuará a existir, mas a vida correrá o risco de sucumbir.

um declínio de 40% de sua população nos últimos 30 anos... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2016/12/08/girafa-entra-em-lista-de-ameacados-de-extincao-apos-declinio-devastador.htm?cmpid=copiaecola
 
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