As águas possuem usos variados, além do abastecimento para o consumo das populações. É o caso da irrigação, do transporte através das hidrovias, da geração de energia elétrica, etc. Essas atividades transformam a natureza: destroem paisagens nativas, criam novas e modificam os ambientes, produzindo impactos diversos. Na cidade do Rio de Janeiro, como em todas as regiões do planeta, as águas urbanas (incluindo lagoas e cachoeiras) representam um patrimônio natural para uso da população.
Transformadas em vazadouros de esgoto (alguns clandestinos), de lixo doméstico e industrial, sofrem as consequências do intenso desmatamento de suas nascentes e margens, estando com seus leitos acentuadamente assoreados, o que compromete o escoamento natural, causando frequentes enchentes na estação chuvosa, acarretando danos às populações. Assim, esses recursos hídricos precisam de proteção, por meio de políticas que incluam a gestão das águas, utilizando instrumentos como o tombamento.
Segundo o especialista Alexandre Pessoa Dias, priorizar a revitalização dos rios, com intervenções ambientais sistêmicas de saneamento, será “a melhor forma de se preservar a qualidade ambiental de qualquer corpo d’água”. Se não é possível retornar às condições originais – de tempos imemoriais –, será preciso mudar o rumo desse quadro de alto custo social e de desrespeito à natureza. Palavras citadas pelo professor Maurício Andrés Ribeiro, como hidroalfabetização ou hidrossensibilização, ganharam sentido, força e conteúdo no universo dos valores, dos princípios e da educação. Tais expressões significam integrar o elemento água nas decisões dos gestores que conduzam à construção de projetos de consciência transformadora quanto à utilização desse recurso natural.