As embarcações de piratas e contrabandistas prosseguiam, no decorrer do século XVI, saqueando as riquezas tropicais que a Mata Atlântica ofertava no litoral da América portuguesa. Ignorando o acordo celebrado entre os reinos ibéricos em 1494, franceses se estabeleceram nas terras do entorno da Baía de Guanabara, fundando um núcleo de colonização chamado de França Antártica. Em Lisboa, centro político do Reino, o desassossego prosseguia, inquietando e multiplicando as preocupações da Coroa.
D. João III (1502-1557), buscando soluções mais efetivas que resguardassem o império colonial construído por meio das Grandes Navegações, nomeou o fidalgo Mem de Sá (1500-1572) como terceiro governador-geral. O rei, no documento que o investia no cargo, deixava claro seu propósito de reforçar a autoridade do governador-geral, bastante questionada durante a administração anterior, conduzida por Duarte da Costa (?-1560). A nova administração colonial deveria atenuar os conflitos entre indígenas e colonos, além de expulsar os franceses do Rio de Janeiro, erradicando a França Antártica.
Partindo de Lisboa em 30 de abril de 1557, Mem de Sá, em viagem bastante atribulada, alcançou as terras da América portuguesa apenas no dia 28 de dezembro. Se, por um lado, existiam inúmeras missões atribuídas a ele, por outro, dúvidas precederam a sua chegada. Conseguiria retomar as terras ocupadas pelos franceses? A região da Baía de Guanabara assistiria aos derradeiros embates? As terras voltariam ao controle de Portugal? Sobravam preocupações e incertezas naqueles que viviam nas terras separadas pelo Mar Oceano. Medos e temores (reais e imaginados) multiplicavam-se, pontuando o cotidiano dos que estavam nos arredores da Baía de Guanabara, diante da aproximação de qualquer embarcação desconhecida. “Quem vem lá? Amigo? Inimigo?” Enfrentamentos entre as tropas portuguesas e as francesas estavam para acontecer pouco tempo após a chegada do terceiro governador-geral.