Festa da Primavera na escola, 1968. As alunas, entusiasmadas, fantasiavam-se de flor para celebrar a chegada da nova estação. Menos Darlen. Ela era o “matinho”. Mais uma vez, não lhe havia sido dado o papel de flor. Até que, certo ano, ela tomou coragem e conversou com a professora, pedindo para interpretar outro papel. Ganhou o de “pedra”.
Esse é apenas um episódio da história de Darlen Faria, professora regente do 2º ano na E.M. Álvaro Moreira (11ª CRE), na Ilha do Governador. Discriminada na infância, ela viu despertar, aí, seu interesse pelo magistério.
“Tive aulas por quatro anos com a mesma professora. Aos poucos, percebi que ela dava mais atenção e voz a outras alunas, ‘branquinhas’. Eu era limpa, arrumada, disciplinada, mas sofria bullying – embora, naquela época, não fosse chamado assim. Muitos alunos caçoavam de mim e a professora sequer intervinha.”
Ao relembrar o episódio, Darlen destaca o aspecto positivo e determinante que ele teve em sua vida. “Eu poderia ter me trancado, ficado mais introspectiva com tudo aquilo. Mas, hoje, vejo que foi uma libertação. Calada, eu passei a observar mais. E, no 4º ano do antigo primário, tive a certeza de que queria ser professora para fazer tudo diferente”, conta. “Essa professora acendeu a luz do magistério em meu coração! Na época, eu não entendia nada, ficava muito triste, magoada. Mas, hoje, vejo que ela abriu a porta para meu êxito e felicidade profissional!”
Uma nova história começa a ser escrita
Se, como aluna, Darlen era impedida de se expressar durante as aulas e recebia tratamento diferenciado em relação a outros colegas, hoje ela faz de tudo para olhar, ouvir e envolver toda a sua turma nas aulas e atividades que propõe.
Na sala, as carteiras ficam em formato de U, de maneira que a professora possa acompanhar melhor, visualmente, cada um. Nos teatrinhos e encenações, os alunos podem escolher os papéis que desejam desempenhar.
Criativa e muito organizada, ela trabalha situações e elementos do dia a dia de maneira interdisciplinar e holística, em aulas dinâmicas e diversificadas. Durante a exibição de um filme em sala de aula, por exemplo, ela propôs que os alunos confeccionassem os ingressos – explicando a diferença entre inteira e meia-entrada – e o dinheiro, que gerenciaram para comprar a pipoca e a entrada, simulando um passeio ao cinema.
“Os alunos têm que sentir prazer, a aula deve ser agradável. Meu ensinar é alfabetizar letrando para o mundo. Trabalho para que eles sejam ativos e críticos na sociedade, para viverem e não serem objeto de manipulação”, diz a professora, que, além de avaliar os estudantes, pede que eles também a qualifiquem.
Extraclasse, Darlen organiza passeios ao Bondinho do Pão de Açúcar, ao Cristo Redentor, à Academia Brasileira de Letras, entre outros locais. Também busca convênios com instituições e até estabelecimentos comerciais, como uma pizzaria da região – o que rendeu o Dia da Pizza na sala de aula, ocasião em que aproveitou para tratar da história, dos costumes e das tradições italianas.
Para a professora, o “segredo” da docência é trabalhar a autoestima dos estudantes e contar, sempre, com o apoio dos responsáveis. “Tenho uma afinidade muito grande com os pais e responsáveis dos meus alunos. Conversamos nas reuniões e também por meio de um grupo no WhatsApp. Eles são como uma bússola para meu trabalho pedagógico.”
Sua disposição e pró-atividade são tamanhas que algumas professoras brincam dizendo que ocorreu um erro de grafia em seu sobrenome. “Elas dizem: ‘Darlen Faria? Que nada, seu nome é Darlen Faz!’”, diverte-se.
Professora e advogada
Formada no curso Normal, Darlen iniciou uma graduação em Pedagogia. Depois de se casar, trancou a faculdade e morou por oito anos na Europa com o marido. Na volta, resolveu estudar Direito. Advogou e lecionou em uma faculdade, até que decidiu retomar o curso de Pedagogia. Aos 40 anos, formou-se em sua segunda graduação. “O prazer pelo que eu fazia me permitiu – e permite – conciliar as duas profissões.”
Na Rede Municipal, já atuou nas escolas Professor Jorge Gonçalves Farinha, em Santa Cruz (10ª CRE), e Conde de Agrolongo, na Penha (4ª CRE). Em seguida, teve uma passagem pela escola que frequentou na infância (prefere não citar o nome) e que ficou marcada em sua vida. “Dei aula na sala onde estudei, foi um presente de Deus. Encontrei minha ficha no arquivo morto, revivi meu passado. Na primeira semana, chorei muito”, recorda-se. Depois, passou a lecionar na E.M. Álvaro Moreyra, onde está hoje.
Estudiosa e amante da tecnologia, fez mais de uma pós-graduação (em áreas diferentes), cursos de formação continuada em Educação e articula, ainda, um Mestrado. “É necessário estudar; o ser humano deve se ‘reciclar’. Meu método tem que ser atual. Sou do século XX, mas meus alunos são do século XXI. Eles nasceram com o DNA da informática.”
Atualmente, ainda faz alguns trabalhos como advogada. Quando possível, gosta de ir a shows e viajar com os amigos e a filha Fernanda, grandes incentivadores de seu trabalho. Porto Seguro, na Bahia, é um de seus destinos favoritos. “Amo praia, sol, conhecer lugares novos. Mas também curto ficar na minha casa, assistir a séries e ler livros. Só ajudamos o outro se estivermos bem com nós mesmos.”
“A maior premissa de um grande profissional é gostar do que faz. O brilho no olhar dos meus alunos quando eles percebem que sabem ler, esse despertar me toca e me motiva. Eu amo o que faço.”
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