O primeiro contato com a escola é uma experiência que costuma marcar a vida de algumas pessoas. Lembranças da sala de aula, da hora do “soninho”, das brincadeiras na quadra de esportes e, claro, da primeira professora. Esse foi o ponto de partida para a bonita relação entre Raquel Cristina Cardoso do Amorim e a E.M. Rodolfo Garcia (5ª CRE), em Irajá, da qual ela já foi aluna, professora e, hoje, é diretora.
Aos 5 anos, Raquel foi matriculada na escola, em sua primeira experiência fora do convívio familiar. Aos 18, voltava para dar aulas. Quase 15 anos depois, assumiu o cargo de diretora adjunta. Em equipe e com o acompanhamento da Secretaria Municipal de Educação – SME-RJ, enfrentou o grande desafio de reverter um quadro de mau desempenho entre alunos do 3º ano. E, quando a então diretora-geral da escola se aposentou, em setembro de 2016, ocupou o maior cargo da unidade onde não apenas havia trabalhado toda a vida, mas com a qual havia construído um forte vínculo emocional.
Uma história de memórias afetivas
Em 1982, Raquel ingressou na E.M. Rodolfo Garcia, localizada perto de sua casa. Naquela época, como o número de vagas não era muito grande e as matrículas eram feitas presencialmente (e não pela internet), sua mãe foi para a porta da escola, de madrugada, em busca de vagas para Raquel e suas duas irmãs, pois queria muito que as filhas estudassem ali.
“Entrei na escola com 5 anos e cursei a Educação Infantil lá. Existe um lado afetivo que é impossível de ser dissociado. Foi o meu primeiro contato fora do núcleo familiar. Fui muito bem acolhida pela “tia” Margarida, uma professora calma e doce, e me lembro de toda a nossa rotina escolar, na qual eu me sentia muito bem. Já a reencontrei em outros momentos, muitos anos depois, e é sempre emocionante pra mim”, relembra.
Depois, Raquel foi transferida para a E.M. Pires e Albuquerque (5ª CRE), no mesmo quarteirão, onde concluiu o Fundamental. Então, estudou no Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra, a fim de tornar-se professora. “Ainda tinha algumas dúvidas sobre a profissão que gostaria de seguir. Quis ser marinheira, artista, cada hora uma coisa! Fazemos escolhas precocemente, mas não me arrependo, em nenhum momento, de ter optado por essa profissão.”
Assim que se formou, foi aprovada em um concurso para o Município, no ano de 1995. Devido à classificação, pôde escolher para que escola ir – e não teve dúvidas. “Aos 18 anos, eu voltava à E.M. Rodolfo Garcia, que tanto me marcou, para dar aula. As professoras ainda se lembravam de mim, das minhas irmãs e da minha mãe”, conta Raquel, assumindo o frio na barriga que sentiu ao trabalhar com docentes tão experientes. “Tive medo, mas fui muito bem acolhida e fiquei por aproximadamente 15 anos em sala de aula, com turmas da Educação Infantil ao 5º ano”, relata a professora, que foi aprovada em outro concurso, tem duas matrículas na Rede e trabalha na escola em tempo integral.
Convidada pela então diretora, Selma Fonseca Brandão, a assumir o cargo de diretora adjunta, Raquel aceitou o desafio. E, em setembro de 2016, quando Selma se aposentou, Raquel assumiu a Direção. “Aprendi muito com a Selma, sobretudo durante os sete anos em que fui cogestora. Às vezes, fecho os olhos e penso: ‘Meu Deus, estou na Direção!’. E parece que tudo isso foi ontem! O tempo é muito intrigante!”
Hoje, ela vê o desafio de assumir a Direção como uma oportunidade de oferecer aos estudantes o que teve quando era aluna: uma escola de qualidade, que possa garantir a realização dos sonhos. Ao contar toda essa trajetória, inevitavelmente pensa no pai, já falecido. “Ele espalhava pelo bairro inteiro, todo feliz, que tinha três filhas professoras. Infelizmente, não pôde viver para ver esse momento, mas sei que seria um orgulho muito grande para ele.”
2016: o ano da “virada” na E.M. Rodolfo Garcia
Por causa de um desempenho ruim em 2015, com um grande número de alunos reprovados no 3º ano, a escola passou a ser acompanhada de perto pela SME. “A escola nunca tinha passado por uma situação crítica quanto a resultados. Então, foi a hora do ‘sacode’ aqui dentro”, conta Raquel, que, na época, ainda ocupava o cargo de diretora adjunta.
Segundo ela, um conjunto de ações resultou na melhoria significativa no desempenho dos alunos e fez com que a escola deixasse de ser prioritária. Com o suporte da SME, foram recebidas visitas de profissionais especializados do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e do Programa Saúde na Escola (PSE) – uma articulação entre as unidades escolares e as Unidades Básicas de Saúde (Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde).
“Hoje em dia, existe um público com perfil muito distinto na Rede. Alunos com comprometimentos emocionais e/ou que fogem especificamente da área de Educação. Quando nos deparamos com isso, passamos a avaliar caso a caso, o porquê de cada criança não avançar. E, a partir daí, traçamos estratégias.”
Durante o acompanhamento, foram oferecidas consultorias para professor, coordenador e Direção. O foco do trabalho era, inicialmente, o 3º ano, mas acabou se expandindo. “Com uma grande equipe de profissionais aqui, não perdemos a oportunidade de buscar ajuda para alunos de outros anos. Acabou sendo uma ação na escola toda”, explica Raquel.
Sobre o aspecto pedagógico, a diretora garante que mudar a forma de ensinar também foi fundamental. “Acreditamos no crescimento do aluno, ainda que não seja no nível que a gente espera. Então, se a forma de ensinar não está sendo adequada para ele, cada professor tem que refazer o seu planejamento: ouvir as necessidades dos alunos e propor reuniões com os responsáveis para traçar novas estratégias e rever os conceitos.”
Assim, os professores desenvolveram atividades diversificadas de reforço escolar. “Eles foram incansáveis nesse processo. Se pensarmos no quantitativo, não é tarefa fácil, são muitos alunos. Foi um trabalho de recuperação ‘de formiguinha’, mas que trouxe ótimos resultados”, orgulha-se.
A relação escola-família
De acordo com Raquel, a criança indisciplinada ou com um desempenho ruim tem, de maneira geral, dois perfis principais: ou o responsável é ausente, ou é presente, mas não sabe como lidar com a dificuldade que o aluno apresenta. “Em ambos os casos, precisamos chamá-los para vir à escola conversar. Alguns acham que basta a criança estar matriculada, ou dizem não saber mais o que fazer com ela, mas eles têm que saber. Muitos só querem ouvir elogios, mas é no defeito, na queixa que não é agradável de ser escutada que temos o ponto de partida para nossas ações.”
Para a diretora, ainda que os responsáveis não percebam as dificuldades ou se neguem a ver, a escola não pode se isentar. “Quando a escola sinaliza um problema, não é porque estamos sendo chatos e exigentes demais, é o inverso. Precisamos nos colocar para dar oportunidade de a criança crescer. E isso deve ser aos poucos, com muita sensibilidade, tato e bom senso, para convencê-los de que queremos o melhor.”
Em um ano de muitas mudanças internas na E.M. Rodolfo Garcia, Raquel afirma que a relação de confiança construída com toda a equipe da escola foi fundamental para a melhoria no desempenho dos alunos e também para o sucesso de projetos já tradicionais na escola, como o Escritores Mirins, que caminha para a 14ª edição. Com o objetivo de estimular o hábito da leitura e da escrita, o evento acontece anualmente, dando uma oportunidade de os alunos exporem suas produções literárias e estudarem a vida e a obra de um autor homenageado.
“O apoio dos professores e funcionários, da minha irmã – coordenadora pedagógica Keila –, e da diretora adjunta, que também é responsável pela Sala de Leitura, me deu a segurança de que precisava para realizar todas as atividades planejadas e concluir o ano letivo com êxito. Não é um trabalho fácil, existem muitos desafios e tenho que estar muito equilibrada para tomar decisões. Mas, dentro da escola, o principal é tocar o coração das pessoas. Quem gosta do que faz vai dar o seu melhor.”
19/12/2017
Há 30 anos no cargo, ela acredita que disciplina é fundamental para o aprendizado.
Perfil do Professor
17/08/2017
Escultor autodidata, o educador busca ser um exemplo para os alunos da E.M. Mário Penna da Rocha (5ª CRE), em Honório Gurgel.
Perfil do Professor
24/03/2017
De merendeira a diretora da E.M. O'higgins (8ª CRE), Bangu.
Perfil do Professor
17/03/2017
A história de um encontro inesperado – e muito feliz – com a Educação de Jovens e Adultos.
Perfil do Professor
23/12/2016
“Quero formar cidadãos críticos. Contribuir para que os alunos possam expressar suas ideias, não apenas memorizar conteúdos.”
Perfil do Professor
02/12/2016
A educadora leciona na E.M. Isabel Mendes (3ª CRE), no Méier.
Perfil do Professor
25/11/2016
Professor de espanhol por formação, ele assumiu turmas do Projeto Aceleração e conquista alunos e pais pela seriedade e simpatia com que conduz o trabalho.
Perfil do Professor
18/11/2016
Os alunos aprendem como fazer um curta metragem com todas as questões envolvidas: roteiro, parte técnica e artes cênicas.
Perfil do Professor
11/11/2016
Com uma trajetória ligada a projetos sociais, defende o ensino de teoria e técnica associado à preocupação com a formação de alunos cidadãos.
Perfil do Professor
04/11/2016
Aulas de culinária ajudam a ensinar conceitos matemáticos.
Perfil do Professor
27/10/2016
Primeiro bailarino formado na cidade do Rio de Janeiro, ele deixou a dança de lado para assumir um papel de protagonista na Educação.
Perfil do Professor
21/10/2016
Fala sobre o prazer e os desafios que envolvem a alfabetização.
Perfil do Professor
14/10/2016
Vítima de bullying de uma professora na infância, Darlen optou pela carreira do magistério para fazer tudo diferente.
Perfil do Professor
07/10/2016
A prática da professora faz tanto sucesso que acabou virando livro.
Perfil do Professor
30/09/2016
Por meio da arte, ela estimula o autoconhecimento e busca elevar a autoestima de seus alunos.
Perfil do Professor
23/09/2016
Diante da dispersão dos adolescentes, ele busca estratégias para conquistar a atenção para o conteúdo.
Perfil do Professor
16/09/2016
Multi-instrumentista, ela acredita no poder transformador da música na vida de seus alunos.
Perfil do Professor
29/07/2016
Diante da situação de conflito da comunidade onde atuam, elas trabalham em prol da paz.
Perfil do Professor
22/07/2016
Ao trabalhar o combate ao desperdício de alimentos nas aulas de Ciências, professora ganhou uma viagem a Londres com tudo pago.
Perfil do Professor
15/07/2016
A professora da E.M. Orsina da Fonseca é Master Teacher da Nasa e sua turma venceu concurso da prefeitura de Nova York.
Perfil do Professor
08/07/2016
Antes professora de Educação Física, ela levou a energia das quadras para a sala de aula e se reinventa para transformar a leitura em esporte.
Perfil do Professor
17/06/2016
O professor de Educação Física, Arthur Pires, procura trazer um pouco do mundo para a escola.
Perfil do Professor
10/06/2016
Educador musical, ele incentiva e descobre talentos nas escolas em que atua – e pelas quais coleciona títulos no Fecem.
Perfil do Professor
10/06/2016
Jabim Nunes, educador do Núcleo de Arte Grande Otelo, 6ª CRE, acredita que a expressão artística pode transformar o mundo e as pessoas.
Perfil do Professor
03/06/2016
Angélica é coordenadora de Saúde no GEO Juan Antonio Samaranch, em Santa Teresa, 1ª CRE, e se orgulha de enumerar o êxito dos alunos.
Perfil do Professor
20/05/2016
Aos 69 anos, próxima de se aposentar, Nelza emociona-se ao pensar em ficar longe da sinceridade e do acolhimento dos alunos.
Perfil do Professor
13/05/2016
O ex-guarda municipal que se cansou de ser visto como “faxineiro da sociedade” e buscou na Educação o caminho para fazer a diferença.
Perfil do Professor
06/05/2016
Heitor se desdobra: produz material didático, trabalha como professor on-line, atua em peças de teatro e dá aulas de Matemática.
Perfil do Professor
29/04/2016
Carinhosa e dedicada, ela realiza dois sonhos em sala de aula: o de ser professora e, de alguma forma, o de ser mãe.
Perfil do Professor
15/04/2016
Aos 43 anos, ela é exemplo de sensibilidade, engajamento e superação em sala de aula.
Perfil do Professor
08/04/2016
Jornalista, publicitária e bacharel em Direito, a professora é uma grande multiplicadora quando o assunto é educação.
Perfil do Professor
01/04/2016
Apaixonada por esportes, Simone participa de provas de corrida e maratonas aquáticas, além de dedicar-se à culinária e a jogos eletrônicos.
Perfil do Professor
23/03/2016
Do desejo de tornar-se padre ao trabalho no Núcleo Central da SME, conheça a trajetória do docente.
Perfil do Professor