Os holandeses participaram do empreendimento açucareiro no Brasil desde o início. Financiaram a instalação de engenhos e tornaram-se os maiores responsáveis pelo processo de refinamento do açúcar e por sua comercialização na Europa. Esse empreendimento era tão importante para eles que, entre os anos de 1621 e 1622, o número de refinarias de açúcar no norte da Holanda cresceu de 3 para 29. Os holandeses obtinham lucro significativo com a venda de açúcar refinado para os demais países europeus. Portanto, nem imaginavam abrir mão desse comércio.
Impedidos desde a União Ibérica por sua arquirrival, a Espanha, de continuar a participar dos lucros da indústria açucareira brasileira, os holandeses fundaram, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais: uma empresa comercial cujo objetivo era centralizar e mobilizar os investimentos comerciais na área do Atlântico, especialmente os negócios com produtores de açúcar do Brasil, os senhores de engenho. Entretanto, logo perceberam que, para retomar esses contatos, não havia saída pacífica, sendo necessária uma invasão.
O governo da República das Províncias Unidas concedeu à Companhia o monopólio do tráfico, navegação e comércio por 24 anos nas costas atlânticas da América e da África, além de autorizá-los a construir fortificações, nomear funcionários, organizar tropas e estabelecer colônias.
A capitania escolhida para a primeira investida da Companhia no Brasil foi a da Bahia. Vários foram os motivos: os lucros com o açúcar cobririam os gastos com a conquista, e o tráfico negreiro era sempre uma possibilidade de lucro. A invasão ocorreu em 1624 e, no primeiro momento, os holandeses venceram. Conquistaram a cidade, prenderam e mandaram o governador Diogo de Mendonça Furtado para a Holanda. Mas a Espanha enviou para a Bahia uma poderosa esquadra, composta por 52 navios de guerra com cerca de 12 mil homens, e, em maio de 1625, os holandeses se renderam, sendo expulsos da região.
Refeitos dos prejuízos graças a pilhagens de navios espanhóis carregados de metais preciosos, os holandeses voltaram a invadir a colônia em 1630, agora pela capitania de Pernambuco, maior centro produtor de açúcar da colônia e do mundo. Ali travaram-se intensos combates pela posse da terra. Após uma série de derrotas, Matias de Albuquerque refugiou-se no interior da capitania, fundando o Arraial de Bom Jesus, entre Olinda e Recife. O arraial tornou-se o centro da resistência contra os holandeses até 1635. Alguns anos depois, os holandeses instalados inicialmente em Recife e Olinda estenderam seu domínio às demais capitanias do litoral nordestino.