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A cerimônia de sagração de D. Pedro I. Litografia de 1839 (Crédito: Jean-Baptiste Debret/Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin)

No dia 12 de outubro de 1822, no Campo de Santana, região central da cidade do Rio de Janeiro, grande parte da população receberia D. Pedro (1798-1834), que retornava da província de São Paulo, aplaudindo o momento da aclamação daquele que, de regente, se transformou em Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.

Pelas ruas e vielas da malha urbana da corte tropical, misturavam-se o repique dos sinos e os gritos entusiasmados da população, que acorreu à região. Em meio à rotina do dia a dia, as conversas fervilhavam junto aos mercados ou às lojas de comércio a varejo. Depois de ser aclamado, conforme a tradição em Portugal, o príncipe, em cerimônia envolvida em pompa e circunstância absolutista, foi sagrado e coroado, no dia 1º de dezembro de 1822, como D. Pedro I.

Nesse mesmo dia, para comemorar a data, o monarca criou a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul – como símbolo do poder imperial –, a primeira genuinamente brasileira. Seu desenho buscou inspiração nos modelos franceses. Porém, o nome escolhido baseou-se na posição geográfica do agora Império do Brasil, do qual se observa a grande constelação do Cruzeiro do Sul. A Ordem, nesse dia, foi distribuída premiando brasileiros e estrangeiros com participação relevante na vida política do Brasil até aquele momento. Coube aos condecorados ofertar alguma joia de valor, como doação, destinada à manutenção dos menos favorecidos.

Em 1829, o imperador criou a Imperial Ordem da Rosa, desejando perpetuar a memória de seu segundo casamento real, com D. Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais, Duquesa de Leuchtenberg (1812-1873). Segundo estudiosos, seu desenho era de autoria de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), inspirado no tecido com motivo de rosas que a futura imperatriz vestia ao desembarcar na cidade do Rio de Janeiro. Tal honraria passou a ser distribuída como prêmio aos militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se distinguiam por sua fidelidade ao imperador e por serviços prestados ao Império do Brasil. De 1829 a 1831, D. Pedro I, durante o seu reinado, concedeu 189 insígnias, e D. Pedro II (1825-1891), 14.284.

Jean-Baptiste Debret criou, também, outros símbolos imperiais, como as armas e a bandeira. O artista integrou o grupo conhecido pelo nome de Missão Artística Francesa, composto por artistas reconhecidos em seu meio e que vieram para o Brasil, “uma colônia até então fechada aos estrangeiros – sobretudo franceses – e com imensas possibilidades de comércio, mercado e artes”, no dizer da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz.

Apesar de tantas alegrias e de tantas expectativas após a Independência, organizar uma arquitetura política que conciliasse as diversas forças condutoras do processo de emancipação de Portugal não era simples. Naqueles primeiros dias e nos anos seguintes, a tarefa que se apresentava era a de organizar o nascente Estado, mantendo-o imperial, sob a dinastia da família real dos Bragança.