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Os bondes de tração animal ampliaram a interligação entre os arrabaldes da cidade e garantiram a ampliação da mobilidade urbana (Crédito: Armando Pacheco/In: O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis, Editora Aurora)

Os bondes tiveram papel essencial na integração, expansão e organização do espaço urbano do Rio de Janeiro. Uniam o centro da cidade, articulando seu traçado com as principais praças e terminais ferroviários e hidroviários, às regiões mais distantes, que hoje correspondem aos bairros das zonas Sul e Norte. “A forma como se deu esse processo levou a uma nova estruturação social na divisão do espaço da capital”, segundo entende a historiadora Elisabeth von der Weid.

A primeira concessão para implantar o serviço dos bondes sobre trilhos e os de tração animal foi dada em 1856 ao médico inglês Thomas Cochrane (1805-1873), sogro do escritor José de Alencar (1829-1877). O primeiro trajeto ligou o Rocio (hoje Praça Tiradentes) à Gamboa. Em 1868, a Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico entrou em operação, com bondes puxados a burro, pelos atuais bairros da Zona Sul. A estação do Jardim Botânico só foi inaugurada em 1871.

A Carril Urbana, por sua vez, era responsável pela ligação do centro da cidade ao porto, passando pela região da atual Praça da Bandeira e alcançando bairros cariocas como Vila Isabel, Caju e Tijuca. Essas linhas ampliaram, significativamente, a malha urbana para muito além da região do Centro Antigo, favorecendo a configuração de outro perfil para a cidade do Rio de Janeiro, capital da monarquia do Brasil.

Para a historiadora Elisabeth von der Weid, “o bonde foi um elemento essencial para a expansão e organização do espaço urbano no Rio de Janeiro”, pois onde o urbano cresce o rural vai desaparecendo, à medida que a cidade expande.

Imaginando o futuro, Gilberto Gil, em tempos depois, compôs Expresso 2222, contendo versos como:

“Começou a circular o expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto de Bonsucesso
Pra depois do ano 2000”.

Adiante, pelo tempo afora, inúmeros outros expressos prosseguiram circulando por dezenas de trilhos, por ruas e avenidas do Rio, atravessando corredores de trânsito, modernamente monitorados por câmeras, como a Linha Vermelha, a Linha Amarela e a Transcarioca, entre outros.