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A coroa de Pedro II, símbolo do poder imperial (Crédito: Museu Imperial – Iphan, Petrópolis)

Em 1840, quando D. Pedro II (1825-1891) foi sagrado imperador do Brasil, havia sido criada uma expectativa favorável quanto à estabilidade econômica e política do país. Os festejos da sagração e da coroação aconteceram no dia 18 de julho de 1841. O Rio de Janeiro foi embelezado para a cerimônia. As comemorações encerraram-se no dia 24 de julho, com um grande baile de gala no Paço da Boa Vista, entre bordados, leques, perfumes e cristais.

Chamava a atenção dos presentes a beleza do anel da sagração e a coroa que o jovem imperador do reino tropical ostentaria a partir de então. Produzidas com esmero, especialmente para o momento, foram reconhecidas como esplêndidas peças de ourivesaria, que fariam parte, ao lado de outras joias, do Tesouro Real. Para aqueles convidados que, valsando felizes, na lógica do momento, a vida era tão rara.

Encerrados os festejos da sagração e da coroação do jovem monarca, alguns possivelmente refletiram sobre as consequências após a campanha da maioridade ter alcançado êxito. O governo pessoal de D. Pedro II durou de 1840 até 1889 e foi o mais longo da História do Brasil: um poder que, durante esse período, se agigantou no espaço da corte no Rio de Janeiro. Porém, não “alcançaria as municipalidades e mal atingiria as províncias”, segundo o historiador José Murilo de Carvalho. Era um poder em que a Coroa, passada a crise, se legitimou com Poder Moderador e tudo.

A partir dos anos 1850, D. Pedro II se dedicou a difundir a civilização (conceito civilizatório) por meio do desenvolvimento de um projeto cultural que atingiu todo o país. Tornava-se necessário criar uma cultura para a nação brasileira, que expressasse os sentimentos tidos como nacionais: uma monarquia tropical, sediada no Município Neutro – exceção no contexto da América, rodeada de repúblicas hispânicas por todos os lados.