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Palácio da Quinta da Boa Vista. O grupo que se reunia na casa do mordomo da casa imperial – o Clube da Joana – também apoiava a maioridade. Litografia (29,1 x 23 cm) de Thierry Frères, 1839. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital  

Além da adesão tanto dos liberais como dos conservadores à causa da maioridade, a campanha ganhou, ainda, o apoio dos palacianos, também conhecidos como áulicos, grupo ligado diretamente à corte e liderado pelo conservador Aureliano Coutinho. Esse grupo político ficou conhecido como Clube da Joana por reunir-se frequentemente na residência do mordomo da casa imperial, Paulo Barbosa da Silva, situada nas proximidades do Palácio da Boa Vista e perto do Rio Joana. Os palacianos exerciam grande influência sobre a família real e sobre o príncipe herdeiro, e sempre desejaram ver Pedro de Alcântara coroado.

Para os conservadores ou regressistas, a desordem reinante devia-se aos excessos de liberdade ocasionados pelo Ato Adicional e por outras medidas, como o Código do Processo Criminal de 1832. Pretendendo diminuir os poderes dados às assembleias provinciais, enviaram ao Legislativo a Lei Interpretativa do Ato Adicional, que, após três anos de discussões e debates, foi aprovada em 12 de maio de 1840.

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O pai do escritor José de Alencar, José Martiniano de Alencar, fundador do Clube da Maioridade. Litografia de S. A. Sisson, 1861. Domínio público, Biblioteca Guita e José Mindlin

Em abril de 1840, por proposta do senador José Martiniano de Alencar, pai do romancista José de Alencar, foi criada a Sociedade Promotora da Maioridade, originalmente uma sociedade secreta que logo se tornou pública, passando a se chamar apenas Clube da Maioridade. Antônio Carlos de Andrada, um dos líderes do Partido Progressista, foi escolhido presidente, aproximando-se cada vez mais dos palacianos.

Os regressistas ou conservadores procuraram cercar a proposta de antecipação com inúmeros cuidados, restaurando a mística da figura imperial, o protocolo e as pompas reais nas solenidades públicas. Foi restabelecido o beija-mão, saudação que simbolizava o reconhecimento do imperador por seus súditos. O próprio regente Araújo Lima, na Festa da Santa Cruz, à porta da igreja, inclinou-se ante o imperador, beijando-lhe a mão, fato que, segundo o conservador Justiniano José da Rocha, provocou "na cidade a exaltação em uns, a indignação em outros e a surpresa de todos".

A campanha pela antecipação ganhou a Câmara, o Senado e as praças. Manifestações populares em versos e em quadrinhas podiam ser ouvidas nos salões e nas ruas da cidade. Algumas a favor, como:

"Queremos Pedro II,
Ainda que não tenha idade.
A nação dispensa a lei.
Viva a Maioridade!"


Outras, nem tanto:


"Por subir Pedrinho ao trono,
Não fique o povo contente;
Não pode ser coisa boa
Servindo com a mesma gente."

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Capa da Declaração da Maioridade, impressa pela tipografia Associação do Despertador, em 1840. Domínio público, Senado Federal

No dia 21 de julho de 1840, os representantes do Partido Progressista ou Liberal, liderados por Antônio Carlos, apresentaram à Assembleia Geral um projeto de Declaração da Maioridade, antecipando o início do governo pessoal de D. Pedro II. O governo regencial, procurando ganhar tempo, tentou evitar a votação, adiando a abertura das sessões para novembro. Inconformados, os deputados, com o apoio do Senado, formaram uma comissão que foi ao Palácio da Boa Vista pedir ao jovem príncipe herdeiro que concordasse em assumir o governo.

Ele aceitou e, em 23 de julho de 1840, prestou juramento na Assembleia Geral: "Juro manter a religião católica apostólica romana, a integridade e indivisibilidade do Império, observar e fazer observar a Constituição política da nação brasileira, e mais leis do Império, e prover ao bem geral do Brasil, quanto em mim couber".

A antecipação da maioridade restabeleceu a paz no Império. A Regência foi extinta e o governo foi entregue a seu segundo imperador, D. Pedro II, que completaria 15 anos no dia 2 de dezembro.

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A coroação de D. Pedro II, ocorrida em julho de 1841. Óleo sobre tela (238 x 310 cm) de François-René Moreaux, 1842. Domínio público, Museu Imperial

A sagração e coroação de D. Pedro II foi marcada para 18 de julho de 1841. A cidade do Rio de Janeiro foi cuidadosamente embelezada para a cerimônia. Muitas obras foram realizadas com grandes gastos para os cofres públicos. As festas duraram muitos dias, encerrando-se no dia 24 de julho com um grande baile de gala no Paço da cidade.

Segundo o historiador Paulo Pereira de Castro, a maioridade não foi um golpe parlamentar, mas um golpe que contou com o consentimento do jovem príncipe. O movimento, liderado por Antônio Carlos de Andrada, transformou-se num golpe palaciano, que terminou com a queda dos conservadores e a volta dos liberais. No dizer de cronistas do Império, D. Pedro, ao ser consultado pela comissão dos maioristas sobre se queria assumir o trono quando completasse 15 anos, ou imediatamente, teria respondido: "Quero já!".