No decorrer do século XV, e nos seguintes, as novidades não paravam de chegar das terras do além-mar, e circulavam pelas ruas e vielas de cidades europeias, como Lisboa. Marujos portugueses, das tripulações que participavam das navegações pelo Mar Oceano, eram ouvidos em meio a temores e espantos. As conversas, frequentemente, continham um exagero aqui, uma verdade mal contada acolá.
Os nautas daqueles tempos nem sempre sabiam com precisão para onde se dirigiam e, se suspeitavam, não tinham certeza absoluta. Muitos acreditavam que essa insegurança que envolvia riscos incalculáveis fazia parte da vida no mar. Contudo, entendiam que a concretização dos feitos nunca vistos resultava da técnica colocada em prática: não apenas do instrumento náutico, mas da habilidade no manuseio; não somente da estrutura da caravela, mas da perícia em manobrá-la; não exclusivamente do traçado dos mapas ou da leitura atenta dos relatos contidos nas incontáveis cartas, mas na prática de enfrentar ventos, tempestades e correntes. Firmes no timão e no leme. Naquela ocasião, os mapas eram, devido à sua importância, considerados um segredo de Estado!
Na Europa Ocidental, as notícias se espalhavam pelas cidades, pelos cais, impressionando quem as ouvia. A variedade da fauna causava espanto: as araras de cores vistosas, os papagaios, os saguis. Aquele era um estranho novo mundo, nada fácil de entender – muitos pensavam. Outros concluíam: ofertava artigos diferentes para o comércio variado e lucrativo!