A província de Pernambuco despontara, em meados do século XIX, como uma das mais importantes do Império. Mantinha uma posição dominante em relação às vizinhas províncias do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe.
Porém, o longo período de decadência do açúcar e do algodão agravara a situação da província, aguçando as tensões sociais e raciais. Um pequeno grupo de proprietários vinha controlando a maior parte das terras, onde, preferencialmente, praticava-se uma agricultura voltada para a exportação.
Essa situação era denunciada por Antônio Pedro de Figueiredo, redator da revista O Progresso, que circulou entre 1846 e 1848. Dizia que "a maior parte do território da nossa província está dividida em grandes propriedades (...) que mantêm diretamente, sob o jugo terrível, metade da população da província, e oprime a outra metade por meio de imenso poder que lhe dá esta massa de vassalos obedientes (...) reconhecemos, numa palavra, que a divisão do nosso solo em grandes propriedades era a fonte da maior parte dos nossos males".
A questão agrária mostrava uma das facetas mais angustiantes da realidade de Pernambuco: uma estrutura que remontava ao tempo da América portuguesa. Nabuco de Araújo afirmava: "Enumerai os engenhos da província e vos damos fiança de que um terço deles pertence aos Cavalcanti".
Essa família, em especial, comprovava o quanto eram poderosos os senhores de escravos e de terras na estrutura política e econômica da região. Os três irmãos Cavalcanti, Pedro Francisco (Visconde de Camaragibe), Francisco (Visconde de Suassuna) e Antônio Francisco (Visconde de Albuquerque) eram filhos do conhecido Coronel Suassuna, da Conspiração dos Suassunas, e também participante da Revolução Pernambucana de 1817. Família de prestígio e influente na região, mantinha-se no governo praticamente todo o tempo.
O Visconde de Camaragibe, tendo ao seu lado o Visconde de Suassuna, era chefe do Partido Conservador na província de Pernambuco. Ambos eram muito respeitados na corte e por seus companheiros de facção. O outro Cavalcanti, Visconde de Albuquerque, era líder dos liberais naquela província nordestina. Então, fosse qual fosse a corrente que dominasse a política no Império em Pernambuco, os Cavalcanti estariam sempre no comando.
A ligação dos Cavalcanti com outras famílias de proprietários – como os Rego Barros – por laços de parentesco ampliava seu poder, que, segundo afirma o sociólogo Gilberto Freyre, foi "preciso a Revolta Praieira para demolir". Esses proprietários, identificados por alguns jornais da época como "barões do massapê", controlavam uma massa de escravos e de agregados.