Desde a chegada da família real ao Rio de Janeiro, pelo porto da cidade, agora uma das portas abertas para o mundo exterior (a outra, para o interior: o sertão), as novidades não paravam de chegar. Quase todos os dias não cessavam de entrar “coisas e caras novas”, segundo palavras do historiador Ilmar Rohloff de Mattos. O que acontecia, segundo palavras da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, “era absolutamente novo e não tinha antecedente: a colônia transformava-se em sede da metrópole, e a sede se transformava, aos poucos, em colônia”. Alguns historiadores traduzem essa situação como sendo uma inversão colonial ou metropolitana.
D. João (1767-1826), por sua vez, desejando concretizar a ideia de um império luso-americano, tendo como sede o Rio de Janeiro, assinava medidas régias e governava. Determinou a abertura de estradas na direção daquela porta que ia rumo ao interior (sertão); suspendeu as proibições quanto à existência de manufaturas; distribuiu lotes de terra (sesmarias) para funcionários e comerciantes portugueses por áreas ainda não ocupadas, incentivando a agricultura. Essas ações do príncipe eram entendidas como positivas, em boa parte, devido ao “seu poder e à sua adesão pessoal aos projetos inovadores de ministros destacáveis, como o Conde de Linhares, o Conde da Barca e o Conde dos Arcos”, segundo a historiadora Ismênia de Lima Martins.