Inúmeras vilas, assim como a cidade de Mariana, foram surgindo na época da mineração. Para a Coroa portuguesa, a ocupação da região, através de uma rede de núcleos urbanos, representava a garantia do seu poder. Por conta disso, na região mineradora predominou a vida urbana, ao contrário do litoral açucareiro, onde predominava a vida rural.
Os centros urbanos estavam relativamente próximos uns dos outros, ocupando áreas montanhosas, razão da existência de tantas ladeiras nessas vilas. Subindo por elas, em ruas calçadas e desalinhadas, os escravos malvestidos transportavam mercadorias, enquanto mineiros e comerciantes ricos, com roupas luxuosas, caminhavam em torno da praça.
Em meio ao burburinho das ruas e ao barulho ritmado dos cascos dos animais de carga, as moradias urbanas eram visíveis. Pelo menos na aparência, assemelhavam-se àquelas das províncias do norte de Portugal, embora tenham recebido algumas adaptações locais. A arquitetura utilizada nas construções religiosas sofria a mesma influência.
As casas desse período, erguidas com simplicidade técnica pela mão de obra escrava, geralmente possuíam largas fachadas e recebiam cobertura de telhas. As portas eram de madeira, assim como as janelas – algumas de treliça, preservando a intimidade e favorecendo a ventilação interna, pois o vidro importado era caro e quase inexistente.
Através de uma janela entreaberta observavam-se os aposentos internos espaçosos, com teto alto que arejava o ambiente. Certas casas aproveitavam o espaço do teto para erguer um outro piso, gerando um novo andar (sobrado). No porão dos sobrados, geralmente muito úmido, ficavam os escravos. Um outro tipo de habitação era a casa térrea. Com piso de "chão batido", distinguia-se do sobrado, com piso assoalhado. E ainda havia as chácaras, situada nos arredores dos núcleos urbanos.
As casas, construídas lado a lado e separadas por paredes finas, não possuíam água encanada. Os escravos cuidavam desse abastecimento. Falava-se que, no constante vaivém ao chafariz, os cativos comentavam sobre o cotidiano de seus senhores, além de, eventualmente, planejarem fugas.
Quando havia algum mobiliário, geralmente importado, era composto por poucas cadeiras, alguns tamboretes, uma ou outra mesa com banco, caixas-baús, assim como oratórios com imagens de santos. Nos primeiros tempos, a precariedade do mobiliário era atribuída à falta de recursos. Entretanto, muitos entendiam que, naquela época, também faltavam carpinteiros competentes.
No século XVIII, as primeiras camas começavam a compor o mobiliário doméstico, mas, de um modo geral, persistia o uso de redes. Estas podiam assumir o papel de cadeiras, embora fosse comum sentar no chão.
Nas cozinhas, geralmente localizadas fora da casa, no quintal, os utensílios diários eram de barro, ferro ou pedra-sabão. Aqui e ali, comentava-se que em algumas casas o proprietário possuía louças e até alguns talheres, que eram raros. Como era comum comer com as mãos, a curiosidade crescia em relação a esses objetos.
A crescente urbanização certamente possibilitou o desenvolvimento de inúmeras técnicas na construção civil. Também proporcionou uma migração de construtores, mestres de ofício e artistas para as vilas mineiras.