Em 21 de outubro de 1838 criou-se o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o IHGB, inspirado no Institut Historique, fundado em Paris em 1834. Membros da "boa sociedade", figuras importantes da elite econômica e literária do Rio de Janeiro, associaram-se de imediato. Desde a sua inauguração, o IHGB contou com a proteção de D. Pedro II, expressa por uma ajuda financeira que a cada ano significava uma parcela maior do orçamento do Instituto. Mas foi somente a partir de 1840 que o imperador, além de participar frequentemente de suas sessões, tornou-se o grande incentivador da instituição.
Em 15 de dezembro de 1849, foram inauguradas as novas instalações do Instituto, no Paço Imperial. A partir dessa data, as reuniões passaram a ocorrer em uma das salas do Paço, o que representou uma maior aproximação do Instituto com o Estado Imperial. A presença de D. Pedro II tornou-se mais assídua, contribuindo para a construção da imagem de um monarca sábio e amigo das letras.
Aos domingos, membros da elite brasileira, literatos e intelectuais, comprometidos com o processo da consolidação da monarquia, se encontravam para debater como seria escrita a nossa História, objetivo maior da instituição. O IHGB desejava criar a História do Brasil destacando suas grandes personagens e heróis, trazendo "à luz o verdadeiro caráter da nação brasileira".
A necessidade de se estruturar a História da Pátria pode ser observada nas palavras de um de seus sócios, Carlos Frederico de Martins, em 1844: "A História é mestra, não somente no futuro como também no presente. Ela pode difundir entre os contemporâneos sentimentos e pensamentos... sobre o patriotismo". Criar uma historiografia para o Brasil significava, portanto, a própria fundação da nacionalidade, a construção da identidade do povo brasileiro.
Para isso, buscavam-se no passado os elementos que explicassem o que significava "ser brasileiro". Como seria contada essa história e a quem ela deveria servir naquele momento? Para D. Pedro II, o ensino da História do Brasil, além do sentido de imprimir um caráter brasileiro à nossa cultura, possuía outro significado. Entre nomes, datas e fatos existia um sentido político de sustentação da monarquia brasileira e da formação da nacionalidade.
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro tornou-se um centro de estudos e de pesquisas, proporcionando ao imperador levar adiante seu projeto de desenvolver uma política cultural para o país com um nítido "caráter brasileiro". Desde a sua fundação, coletava e arquivava os documentos de interesse para a História e Geografia do Brasil, com a intenção de divulgar os conhecimentos desses dois ramos científicos por meio do ensino público; mantinha correspondência com outras associações estrangeiras; instalava sucursais em outras províncias do Império; e publicava a Revista do Instituto.