A Revolta Liberal de Minas Gerais começou um pouco mais tarde que a de São Paulo. No dia 10 de junho de 1842, um batalhão da Guarda Nacional aclamou, em Barbacena, José Feliciano Pinto Coelho como presidente interino da província. Como ocorrera em São Paulo, os mineiros recusaram-se a acatar as novas leis, consideradas reacionárias e centralizadoras. Além disso, manifestaram-se contra a assinatura do novo Tratado de Comércio, que renovava os privilégios concedidos aos ingleses.
O presidente oficial da província, Bernardo Jacinto da Veiga, não foi surpreendido pela revolta e tratou de organizar a defesa. Inicialmente sofreu algumas derrotas, pois os rebeldes faziam ataques em vários pontos da província, confundindo as tropas do governo.
A principal vitória dos mineiros foi em Queluz. Uma série de derrotas e as notícias da chegada de Caxias contribuíram para fomentar divergências internas entre os rebeldes. Na verdade, a rivalidade entre os grandes proprietários rurais dificultava a existência de uma liderança comum, ocasionando o fracasso do movimento.
A iminente chegada de Caxias fez com que os mineiros trocassem José Feliciano por Teófilo Ottoni, que defendia uma ação mais audaciosa por parte dos revoltosos. No entanto, era muito tarde para que os liberais, divididos entre si, conseguissem a união de suas forças.
Caxias, em Ouro Preto, planejava o combate final. No dia 20 de agosto ocorreu a batalha decisiva. Os mineiros, espalhados em torno de Santa Luzia, em posição privilegiada do terreno, no alto do Alcobaça, atacaram. Aproveitando-se do despreparo militar dos rebeldes e de sua inexperiência, Caxias conseguiu atraí-los para um terreno mais fácil, onde foi travada a batalha. Houve grande número de mortos nos dois lados e cerca de 300 foram feitos prisioneiros, inclusive os principais chefes do movimento.
A luta terminara. Para governar a província foi nomeado o ultraconservador Francisco José de Sousa Soares Andrea. Minas Gerais estava pacificada, mas a província caiu numa profunda crise econômica, demorando muito tempo para se refazer dos efeitos da revolta.
O governo comemorou sua vitória recepcionando Caxias com três dias de festas. Processados e julgados, os líderes da revolta foram anistiados em 1844, pelo imperador. Por muito tempo, "os revolucionários" de 1842, considerados como revoltosos, foram conhecidos pelo apelido de "luzias", em alusão ao local onde sofreram sua maior derrota militar.
Os revoltosos de São Paulo e Minas esperaram em vão o apoio dos liberais de outros pontos do Império. A adesão da comarca de Curitiba e das províncias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco não se concretizou.
No entanto, as revoltas liberais de São Paulo e Minas Gerais não devem ser confundidas com as manifestações populares de anarquia, ocorridas depois da abdicação de D. Pedro I. Diferentemente, como se pode perceber da leitura do panfleto O Libelo do Povo, escrito por Francisco de Sales Torres Homem, "em 1842 (...) o que se via à frente do movimento, a braços com o soldado mercenário, era a flor da sociedade brasileira, tudo que as províncias contavam de mais honroso e eminente em ilustração, em moralidade e riqueza".
Em 1844, D. Pedro II dissolveu o ministério conservador. Os liberais foram chamados a ocupar o governo. De 1844 até 1848, foram os responsáveis por várias medidas que, na prática, correspondiam às ideias e propostas dos conservadores, a ponto de se dizer, na época, que "não há nada mais parecido com um saquarema (conservador) do que um luzia (liberal) no poder". Em 1844, foi aprovada a Tarifa Alves Branco; em 1846, realizou-se a reforma eleitoral; e, em 1847, foi criado o cargo de presidente do Conselho de Ministros.