Na imprensa local, o jornalista Inácio Bento de Loiola bradava em seu jornal A Voz do Brasil de 19 de fevereiro de 1848: "Chora Pernambuco (...) e tu, povo, raça infortunada em toda a parte, chora também! De tudo isto que vês, nada te pertence. Essas administrações tão numerosas, esses palácios, esses carros suntuosos, esses tribunais são para teus senhores (...) Chora, chora. O teu quinhão é o arbitrário, os dolorosos trabalhos, a miséria e os rudes tormentos".
Nas cidades – em especial no Recife, principal porto da região – a atividade comercial também se apresentava monopolizada. O comércio estava exclusivamente nas mãos dos portugueses assim como uma pequena indústria e o artesanato local. Loiola denunciava ainda, em 17 de março, existirem na Rua da Praia mais de 120 portugueses no comércio de carne-seca, contra apenas três brasileiros.
Em outra edição, argumentava: "Não menos de seis mil casas de comércio a retalho se acham em Pernambuco, e todas elas de estrangeiros: assim, lojistas, quitandeiros, taberneiros, armazeneiros, trapicheiros, açucareiros, padeiros, casas de roupa feita, de calçados, funileiros, tanoeiros e tudo é estrangeiro. Cada uma dessas casas tem três a quatro caixeiros todos portugueses; calculemos porém a dois, e teremos 12 mil caixeiros, com seis mil patrões, 18 mil portugueses".
Desse modo, para a grande maioria da população restavam poucas ocupações, o que levaria Nabuco de Araújo a concluir que "o povo acreditava ter dois inimigos que o impediam de ganhar a vida e adquirir algum bem-estar: esses inimigos eram os portugueses, que monopolizavam o comércio nas cidades, e os senhores de engenho, que monopolizavam a terra no interior".
Pelas ruas do Recife fervilhavam comentários. Inúmeras manifestações de desagrado começavam a ocorrer. Reivindicações de mudanças repercutiam na província, com grande parte da imprensa fazendo coro. Ecos de sonhos e vontades. Nesse contexto, as perturbações de ordem política seriam agravadas pelas reivindicações de ordem social, resultantes do desequilíbrio reinante.
Ao lado de vozes como a de Antonio Pedro de Figueiredo e de Borges da Fonseca – no dizer do historiador Amaro Quintas, "homem de ação" que defendia suas ideias com destemor no jornal ou na barricada –, surgira, em agosto de 1842, sob a direção de Luis Inácio Ribeiro Roma, O Diário Novo. Segundo Quintas, esse jornal "foi aglutinando aqueles que não rezavam pela cartilha Cavalcanti". Como o jornal foi criado na Rua da Praia, os adversários denominaram seus participantes de "praieiros" e sua facção com o nome de Praia.
Nabuco de Araújo entendia que os praieiros tiveram uma história política singular, já que formavam um partido "sem direção e sem disciplina". Por outro lado, os defensores da oligarquia vigente foram chamados pelos "praieiros", a princípio, de "baronistas" ou de "trapicheiros" (o Barão da Boa Vista possuía um engenho de nome Trapiche) e depois de "guabirus" (rato grande). Esse grupo também possuía seus jornais, como o Diário de Pernambuco e O Lidador.