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A foz do Rio Carioca na Baía de Guanabara. Detalhe de mapa do século XVI (Crédito: André Thevet/Biblioteca do Itamaraty, Rio de Janeiro)

Pelas palavras do escritor Alceu Amoroso Lima, entende-se, na teoria e na prática, o papel do primeiro manancial de água da cidade: “Muito antes de existir o Rio de Janeiro existia o Rio Carioca”.

O Rio Carioca nasce na Serra do Corcovado, na altura das Paineiras, sendo o primeiro grande manancial que abasteceu a cidade. Um pouco abaixo, ao longo do Vale das Laranjeiras (hoje, o local abrange os bairros de Laranjeiras e do Cosme Velho), o Carioca divide-se em dois braços, um dos quais tem sua foz na Praia do Flamengo, e o outro desemboca junto ao Outeiro da Glória. Como a maioria dos rios da cidade, ele nasce nas áreas mais altas dos maciços (Serra do Corcovado) que fazem parte do relevo da região, segue o seu curso e vai desaguar na Baía de Guanabara.

Por longo tempo, o rio, com suas águas cristalinas, foi o mais importante da região, sendo aquele que abastecia de água potável os europeus pioneiros que alcançaram a Baía de Guanabara, da mesma forma que já fornecia à população nativa. Trilhas e caminhos, como o do Catete (origem do atual bairro localizado na Zona Sul da cidade), surgiriam diante da necessidade de encontrar água própria para o consumo em sua nascente ou em sua foz.

Antigos documentos relatam que o Carioca era bem mais caudaloso e pelo seu curso subiam canoas, direcionadas ao interior, que traziam produtos das chácaras situadas no Vale das Laranjeiras. A desembocadura do rio com o mar, onde hoje é a Praia do Flamengo, servia como fonte de abastecimento às embarcações que, a partir do descobrimento, pela ausência de porto, lançavam suas âncoras na Baía de Guanabara. Daí a sua primeira denominação: Aguada dos Marinheiros.